"A vodca aqueceu-lhe o peito. Ficou olhando os seus amigos, comovido, admirando-os e invenjando-os. Como nessa gente sadia, forte, alegre, tudo está equilibrado, como em suas almas e cérebros tudo está aplainado e concluído! Eles cantam, amam apaixonadamente o teatro, desenham, falam muito, bebem, e não lhes dói a cabeça no dia seguine; são., ao mesmo tempo, poéticos e devassos, ternos e insolentes; tanto sabem trabalhar como indignar-se, tanto rir sem motivo como dizer bobagens; ardosos, honestos, abnegados, não são, como pessoas, em nada piores que ele, Vassíliev, que vigia cada um dos seus próprios passos e cada palavra sua, que é desconfiado, cauteloso e pronto a promover cada insignificância à categoria de problema. E ele quis, pelo menos uma noite, viver como seus amigos, soltar-se, livrar-se do seu próprio controle. Será preciso tomar vodca? Tomá-la-á, mesmo que no dia seguinte a cabeça lhe estoure de dor. Levam-no à uma casa de mulheres? Ele vai. Há de dar gargalhadas, brincar, responder alegremente às provocações dos transeuntes..."
Tchekhov - A crise. Contos.