Fernando Pessoa
Não dormes sob os cyprestes
Pois não há somno no mundo.
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O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser,
Vaes na noite só recorte,
Egual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa.
Segues sem capa no hombro,
Com o pouco que te tapa.
Então Archanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada;
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus eguaes.
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A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não ‘stás morto, entre cyprestes.
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Neophyto, não há morte.
Fernando Pessoa era um Iniciado, legal.