M. Gabriel
- Atualizado em 09/11/11.
ODE AO ITABIRANO
Deixar a mão escorregar.
Ah, se fosse tão simples assim,
caro itabirano, tenha certeza,
ai do alto do olimpo,
que minha tristeza não seria
tão triste
como a sua não foi.
Essa coisa de dizer
e não dizer; mostrar
e não mostrar; eclipsar
o próprio nada,
provoca náuseas na cabeça
e tontura no estômago.
Ponto de partida.
Eis que chega o dia.
Aquele tão esperado, aguardado.
Que vem como um verbo:
Acorda!
A água procura o caminho mais fácil.
A cobra também.
A primeira só quer voltar para fonte.
A segunda só quer saber de sapos.
O teto voa; a casa cai.
Nu me vejo sendo visto.
E o mundo inteiro brada:
Existo!
GALOS, NOITES E QUINTAIS
Belchior
Quando eu não tinha o olhar lacrimoso,
que hoje eu trago e tenho;
Quando adoçava meu pranto e meu sono,
no bagaço de cana do engenho;
Quando eu ganhava esse mundo de meu Deus,
fazendo eu mesmo o meu caminho,
por entre as fileiras do milho verde
que ondeia, com saudade do verde marinho:
O ser está no oculto
No lado escuro da lua
Esconde-se o sentido de tudo
O fim de toda a procura
A própria origem do mundo
Mas no lado escuro da lua
Está a coroa do universo
O fim de toda procura
Onde o Uno se faz Verso
O que quero dizer? O Quê?
Que o lado escuro da lua
E a própria lua cheia
É uma e mesma figura
O ser que tudo permeia
Contemplo o oculto
A pedra como vulto
O pensamento como pedra:
O escuro nunca foi tão claro