sábado, 21 de julho de 2012

Paraíso

Ou, se preferirem, "Surto de um nerd solitário":

Meu paraíso seria uma montanha-russa multidimensional sem fim com infinitos buracos de minhoca pelo caminho e se movimentando à velocidade da luz beirando buracos-negros. Quer embarcar? Não?! Então tá. Fica para próxima vida quando formos fótons.

domingo, 27 de maio de 2012

Post longo, mas necessário: Aniversário

"Eu não sei dizer nada por dizer. Então eu escuto."
Secos e Molhados



No dia 22 de maio passado, este blog completou cinco anos. Comemoro sozinho, com todas as vantagens e desvantagens deste estado (in) voluntário. No começo, bate a empolgação: queremos dezenas de comentários e milhares de visitantes. Depois que isso passa, vem o conforto de possuir um espaço próprio.

É bom ter um blog. No meu caso, aqui me dou a liberdade de ser quem eu realmente sou, deixar as coisas do jeito que quero e dizer o que penso sem preocupar-me tanto com o que vão falar. Não gosto muito do Eu que sou neste blog. Mas, fazer o quê: a liberdade tem seu preço. Um blog é uma casa, como diria Kamila Carina. Como é bom ter uma casa, ainda que virtual.

Dentre as leituras que tenho feito, encontrei uma passagem que, para citar outro amigo, o Lincolncon, cabe como chave em fechadura para este momento. Trata-se de minha filosofia de vida que durante muito tempo foi inconsciente e aplico neste blog. Pena eu ter perdido a inocência, digo, a inconsciência. Ei-lo:

"Hoje é preciso mais do que nunca fazer-se compreender, evitar as frases abstrusas, encontrar as formas mais simples de explicar as coisas complicadas. Estou convencido de que muitas polêmicas rancorosas seriam evitadas se todos falássemos um pouco mais claro. Muitas rixas ideológicas são fruto de mal-entendidos (algumas vezes, mas nem sempre, intencionais). Mais claro e menos: as duas coisas são, de resto, conexas. A primeira regra, para escrever claro, é escrever pouco e quando se tem verdadeiramente alguma coisa para dizser. Estamos submersos pelo papel impresso: o número das palavras que conseguimos ler ou escutar continua a diminuir em comparação com o número das palavras que são escritas ou ditas. Entre cem jornais o homem da rua compra no máximo dois. Das vinte páginas do jornal que compra, lê aproximadamente duas ou três colunas, quando não lê apenas os títulos ou apenas os títulos das páginas que lhe interessam. (...) Um enorme desperdício de atividade comunicativa: um desperdício que não haveria se cada um de nós falasse apenas quando tem alguma coisa a dizer." 
Norberto Bobbio

Esse cara se contradiz bastante. Eu também. Talvez só não esteja em contradição quem sabe que está em contradição. Quanto a escrever e falar menos, concordo. Mas como é difícil não ser prolixo quando se é tão carente (qual ser humano não é?)! Um dos escritores que fez isso de maneira eficiente foi o Nietzsche. Os seus livros eram em forma de sofismas. Somente alguns escreveram tão pouco e fizeram tanto barulho, isso no século XIX, quase cem anos antes do que o Bobbio escreveu.

Se você leu até aqui, obrigado. : )

sábado, 21 de abril de 2012

Pit-Stop

Há Noite

Tão certo como o dia que nasce,
é a noite que cai.
Assim, de mansinho, ela vem.
E chega. Não há nada o que fazer
a não ser esperar, calar,
resistir.

Às vezes é noite de lua cheia.
Ou quase cheia, como hoje.
Nessas noites, cheia ou quase cheia,
a lua nos olha e diz:
-Tu é besta, é?! Eu to aqui, cara, olha pra cima!
Isso é um fato que não pode ser negado, pois,
olhar para baixo em noite de lua cheia
é negar esta mesma lua.
E a noite.

Como negar a noite?
Se não houvesse lua, seria mais fácil.
E as estrelas, então?
É, também tem as estrelas.
Mas elas são apenas a corte.
M A rainha, cheia de manha,
uma hora se esconde, outra hora cresce,
e às vezes fica cheia.

Então, voltando ao assunto...
(a lua sempre tira a minha atenção)
É difícil aceitar a noite.
Aos dez anos tudo é dia.
Aos quinze, tudo é noite de lua cheia.
Aos trinta: por que existe noite?
Amanhã, não sei.
Só sei que hoje está difícil aceitar a noite.

Em 09/12/11

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A Coisa

---------------------------------------------------

Ímpeto de Estrela

Oh, ímpeto de estrela!
Tu, que a tudo pões em movimento.
És a verdadeira causa primeira.
Guardas a fonte da vida: estrela,
revelada no ínicio-fim de um caminho.

Eu tenho a ti, oh ímpeto,
em todo o seu esplendor.
Mas sinto em todo o meu ser
que a estrela não me pertence.

Tu és a fonte do bem e do mal.
A desgraça e salvação do mundo.
O homem vence e dá a vida por ti.
O homem perde e mata por ti.
O homem se faz homem
por ti.

Quantos chegaram à estrela?
Quantos ficaram pelo caminho?
Estrela, óvulo, ímpeto, espermatozóide.

Quem alcança a estrela transforma-se em outro ser.

Os livros ensinam:
triste é o destino de quem é outro ser
e vive em volta dos que estão a caminho.
Esse sabe que a estrela não existe
se não para manter o ímpeto.
A estrela é tudo, mas
quando chega-se à estrela, encontramos o nada,
e a partir de então, somente resta uma coisa:
o puro ímpeto.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Um dilema

--------------------------------------------------------------------------------------

"Reside a honra do funcionário em sua capacidade de executar conscienciosamente uma ordem, sob responsabilidade de uma autoridade superior, mesmo que - desprezando a advertência - ela se obstine a seguir uma trilha errada. O funcionário deve executar essa ordem como se ela correspondesse a suas próprias convicções. Se carente dessa disciplina moral, no mais elevado sentido do termo, e sem essa abnegação, toda a organização ruiria. Contrariamente, a honra do chefe político consiste justamente na responsabilidade pessoal exclusiva por tudo quanto faz, responsabilidade que ele não pode rejeitar, nem delegar. Nesse sentido, os funcionários que têm visão moralmente elevada de suas funções são, necessariamente, maus políticos: não se dispõem a assumir responsabilidades no sentido político do termo e, desse ponto de vista, são, obviamente, políticos moralmente inferiores",

Weber. Ciência e Política: duas vocações. Martin Claret, p. 82.

--------------------------------------------------------------------------------------

Líderes são necessários e a maior tarefa de uma liderança é capacitar outros para exercê-la. Um dos maiores problemas do mundo é a ausência de líderes. Alguns fatores impedem o florescimento destes tipos: medo de assumir responsabilidades; a conduta de alguns líderes que impedem que os outros cresçam; medo de falhar (nossa sociedade ainda é demasiadamente cruel com os que falham, levando as pessoas a não admitirem seus erros, fazendo com que todos vivam numa grande ilusão de perfeição). Existem diversos outros fatores, mas este não é o ponto. Ser um funcionário é apenas um momento que tem como fim exercer a liderança. A demanda por líderes é geométrica enquanto que seu nascimento segue uma progressão aritmética, ou seja: há espaço para todos.

Algumas pessoas possuem um senso moral tão elevado que obrigatoriamente só permanecem tranquilas como líderes. Mas o medo de assumir responsabilidades bloqueia estas pessoas e elas acabam que nem viram líderes nem conseguem ser funcionários. Viram políticos frustrados como o próprio Weber, Maquiavel e Pareto. Elas reconhecem que dentro de si existe um ditador que faria de Hitler, Mussolini e Stálin meros praticantes de bullying.