domingo, 26 de dezembro de 2010

A grande cagada do mundo: O mercado

"Can't you see
It all makes perfect sense
Expressed in dollars and cents,
Pounds, shillings and pence
Can't you see
It all makes perfect sense" - Roger Waters (Dec. de 1980)

"We are the dollars and cents and the pounds and pence
and the mark and the yen, and yeah
We’re gonna crack your little souls, crack your little souls" - Radiohead

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"A few months ago, I mentioned that I was going to write an angry
email. I've been trying to hold it in, but can't anymore. Here's
the deal:

The seduction community is dead.

It has been replaced by the seduction industry.

And this has not been a good thing for men.

When I first discovered this world, there was very little happening
commercially--mostly just Ross Jeffries doing seminars. Eventually,
Mystery invented the concept of the seduction workshop and David
DeAngelo brought modern Internet marketing into the subculture.
But most of the other "gurus" weren't in the game for financial
reasons. They were there to share their knowledge. And overall, this
shared body of knowledge was something that almost every
PUA (Pick-Up Artist: Artista da Sedução no Brasil) -
whether rivals or not, commercial or not-regularly added to.

But things have splintered now, largely due to the intense
competition for the AFC (Average Fucking Chump:
Tolo Frustrado Médio no Brasil) dollar. Though there were inklings of this
happening at the end of the Game, if there has been any negative
impact of the success of the book, it has been the explosion of
cheap marketing and unqualified instructors. Where the experts
once sat around and discussed newer and better techniques
for approaching and attracting women, they now sit around and
discuss better ways to manipulate the men who want to learn this.

It's become confusing for guys getting into the game now, as
opposed to when it was centralized, because there are so many
search-optimized websites and forums with a commercial agenda
feeding them completely contradictory information and false
claims.

Although this has been going on for a while, I'm writing this
now because I've been getting an increasing number of emails
from guys saying they spent all this money on a seminar or a
workshop and they had a bad experience and now they're bitter and
angry about the game. They often end up becoming "trolls" and
starting "hater" websites instead of continuing down the path of
self-improvement."

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Neil Strauss, autor do livro "The Game", que no Brasil recebeu o
título "O Jogo: A Bíblia da Sedução".

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Foucault (Continuação do post anterior)

"Não me diga para permanecer o mesmo"
Frase de Foucault na capa da revista.

"Contrapondo-se às técnicas de conhecimento e de controle das subjetividades, Foucault entende que as lutas de resistência em torno do estatuto da individuação podem ser sintetizadas pela palavra de ordem seguinte: o objetivo principal, hoje, não é o de descobrirmos, mas o de nos recusarmos a ser o que somos. Não se trata de encontrar nosso eu no mundo, mas de inventarmos nossa subjetividade. Antes de ser produto de um encontro, a subjetividade é o resultado de um processo inventivo. De tal modo que a luta pela liberdade se inicia na própria esfera subjetiva. A questão, assim, é produzir, criar, inventar novos modos de subjetividade, novos estilos de vida, novos vínculos e laços comunitários, para além de formas de vida empobrecidas e individualistas implantados pelas modernas técnicas e relações de poder."

Guilherme Castelo Branco - Prof. do departamento de Filosofia da UFRJ. Foucault em três tempos. Matéria da Revista Mente-Cérebro & Filosofia, Edição nº 6.

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Quando uma Igreja prega "aceite Jesus!", ou um partido revolucionário brada "morte ao capitalismo!", estas organizações estão propondo ao indivíduo que ele construa uma nova subjetividade, e isto é bem tentador. Num mundo pós-moderno onde os vínculos sociais se encontram frouxos, este apelo traz o consolo do pertencimento a um grupo , fonte de identidade. Aliás este conceito hoje só tem serventia global para justificar uma guerra contra o "eixo-do-mal". Não é à toa que um grupo como o Tea Party causou tanto estrago nas últimas eleições norte americanas. Um paradigma bem fundamentado - acreditem vocês ou não, eles são bem fundamentados - com uma base social sólida é a maior droga que existe.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O drama de ser revolucionário hoje

Aviso: Ao postar o que se segue, dei-me a permissão de usar o martelo.

"Para os pós-modernistas, em caso contrário, modos de vida totais devem ser louvados quando se tratam de dissidentes ou grupos minoritários, mas censurados quando se trata das maiorias. As 'políticas de identidade' pós-modernas incluem assim o lesbianismo, mas não o nacionalismo, o que, para os radicais românticos mais antigos, ao contrário dos radicais pós-modernos mais recentes, seria algo de totalmente ilógico. O primeiro grupo, vivendo em certa era de revolução política, estava protegido do absurdo de acreditar que movimentos majoritários ou consensuais são invariavelmente ignorantes (grifo do blogueiro e adendo: esta é, realmente e infelizmente, a crença dos intelectualóides de hoje). O segundo grupo, florescendo em uma fase posterior e menos eufórica da mesma história, abandonou a crença em movimentos de massa radicais, sobretudo porque há muito poucos deles dos quais se lembrar. Como teoria, o pós-modernismo aparece depois dos grandes movimentos de libertação nacional dos meados do século XX, e é ou literal ou metaforicamente jovem demais para recordar-se de tais clataclismos políticos."

Terry Eagleton - A idéia de cultura

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Eu não era assim, não...

"Chego a mudar de calçada quando aparece uma flor e dou risada do grande amor. Mentira!"
Chico Buarque cantando não sei quem.

Até meus 17 anos eu era uma pessoa. A partir de então me transformei em outra oposta ao que era. Eu era alegre. Praticava esportes. Fui goleiro do time de futebol de salão do colégio. Lateral esquerdo num time de futebol de campo. Pivô no time de handball da escola. Ia pro campinho de terra batida do bairro jogar bola com os meus vizinhos e voltava imundo pra casa com preguiça de tomar banho. Sempre fui tímido. Era goleiro por não ter coragem de jogar na linha; era pivô por não conseguir ser um jogador de meia no handball. Mas, no fundo, eu sempre queria ser o armador central, o atacante do time. Até os meus 17 anos isso não me incomodava. Fazia sucesso na escola entre as meninas e não pegava nada. Sempre me reprimindo, sempre. Como falei, o fato de me reprimir não me incomodava. Um dia, numa prova de química, fui o primeiro a terminar o teste. Levantei-me da cadeira e fui até a professora entregar o exame. Em seguida sai da sala e fui para o pátio do colégio. Alguns colegas me pediram cola. Não tive coragem de passar por medo de ser pego em flagrante. Após todos concluírem suas provas, a professora me chamou. "Leone, menino! Como é que tu faz uma prova desas!". Ela começou a puxar minha orelha. "Sabe quanto tu tirou?". "Não...", falei olhando pra baixo. "Dez! Rapaz tu tem que confiar em ti". A mesma professora um dia escolheu um aluno para representar o colégio em uma olimpíada de química. "Por que não o Leone?", perguntavam atônitos meus colegas de classe por eu não ter sido o escolhido. "Ele não confia em si...", ela respondeu.
A despeito de tudo isso, sempre tive uma grande força interna. Quando metia uma coisa na cabeça não tinha santo que me fizesse desistir. Aos 16 anos quis ir fazer o convênio em Belém. "Tu não vai para Belém de jeito nenhum!", falou minha mãe que anos depois confessou que só estava me testando. "Eu vou para Belém nem que eu tenha que morar de baixo da ponte!", respondi na época.
Cheguei a Belém. Convênio no Ideal, um dos melhores colégios do Estado do Pará. Acordava todo dia de manhã cedo; às vezes chegava atrasado, mas chegava. Encasquetei que eu tinha que ir para o CE Militar (naquele tempo os cursos eram divididos em CH, CB e CE: ciências humanas, biológicas e exatas). O CE Militar era a elite do Ideal. "Os loucos". Seis Professores de matemática, quatro de química e quatro de física. Aulas de manhã e a tarde. Simulados aos finais de semana. Os integrantes da turma pretendiam passar no ITA, IME, AFA, ESPECEX, e outras. Eu só queria Ciência da Computação na UFPA, o que por si só já era um grande desafio.
Era o ano de 1999. No mei0 do ano ela surgiu. Uma mulher, amiga dos meus companheiros de apartamento, veio estudar em Belém e veio morar conosco. Apaixonamos-nos. Dormíamos no mesmo quarto. Ela passou para o vestibular em São Paulo, eu em Belém. Ela foi embora e meu mundo caiu. Segundo minha psicóloga eu vivia numa bolha. Garoto de família, inteligente, sempre teve tudo. Quando passei pela minha primeira perda tudo desandou. É verdade, eu já tinha uma tendência latente para problemas psicológicos. Um primo meu perdeu a cabeça por causa de mulher. Meu pai é completamente dependente da minha mãe emocionalmente. Ambos fazem tratamento psiquiátrico. Meu primo está muito bem. Médico, casado, superou o trauma. Já meu pai...
Os dois anos seguintes, 2000 e 2001, foram de muita depressão. Eu ficava horas deitado pensando e sofrendo, consumindo-me. Para completar a história, conheci uma pessoa que me apresentou o mundo das trevas e seus encantos. Comecei a escrever, dar uma de artista. O cultivo pelo sofrimento passou a ser uma espécie de diferenciador das "pessoas comuns". Neste período os primeiros instintos megalomaníacos começaram a aparecer. A vontade de ser belo, de brilhar, algo que eu sempre tive, mas reprimira, começou a ser mais forte que minha conformação por não ser o que eu desejava. A carga negativa da perda da mulher amada foi se desenvolvendo num ciclo de retroalimentação. Meu corpo, lentamente, estava se transformando numa grande massa de energia negativa. Justo eu, que era tão alegre.
Em 2002 passei no concurso da Caixa Econômica Federal. Abandonei a faculdade e, 10 meses depois, aband0nei também o emprego depois de sofrer minha primeira crise. Voltei para Macapá. Passei o ano de 2003 às traças, sem eira nem beira. Em 2004 voltei para Belém. Este foi o ano de minha segunda grande paixão. Como um corredor de uma prova com bastão, a mulher amada mudou, mas o sentimento era o mesmo. Conheci o PSTU e as teorias das conspirações e o movimento para conquistar o mundo. "Despertei do meu sono dogmático", nas palavras de Kant. A vida passou a ter um sentido; a vida não tinha mais sentido sem um sentido para estarmos aqui. "Temos que fazer alguma coisa, porra!". Como sempre, mergulhei de cabeça. Drogas, movimento, mais drogas, excitação, viagens, álcool. Surtei. Desta vez "de cunforça". Atingi o auge da megalomania.
Hoje, estou tentando me livrar do sentimento de que sou o centro das atenções. Às vezes sinto como se estivesse nu na frente das pessoas. "Por que pra ti é tudo tão definitivo?". Esta frase, dita por uma mulher, é que está me fazendo sobreviver. Está me salvando. Coloquei de lado o sentimento de perda da mulher amada, mas continua sendo o que mais quero na vida. Sofro de coração partido, ainda sofro de coração partido, mas isso não me impede mais de levar minha vida. Uma mulher me levou às trevas, outra está me conduzindo à luz.
Li em algum lugar que a consciência só vem com amor. Hoje em dia, sei do meu grande potencial. Só tenho que decidir ainda se vou colocá-lo em prática ou não e, principalmente, estou aprendendo a reconhecer que não sou perfeito e estou procurando evitar a mania de perfeição. Tenho que aprender as qualidades da competitividade e saber competir, dialogar, interagir com as diferenças, negociar. O que mais quero hoje é ser auto-determinado, não importando tanto se vou ser grande ou não, mas, sim, auto-determinado, livre pra fazer o que eu quiser da minha vida. Se terei a mulher dos meus sonhos, não sei mais. Não sei até que ponto isso depende mim. Antes achava que a teria ou seria o fim. Procuro não determinar mais, mesmo correndo o risco de perdê-la. Foi uma questão de sobrevivência. Só sei que, às vezes, quando me pego triste, penso nela e tudo fica bem, ganha cor. Como disse o personagem principal do filme "O náufrago" quando soube que sua mulher pensava que ele tinha morrido e se casou com outro: "Tenho que seguir em frente. A maré me trouxe a vela e eu sai da ilha. Vamos ver o que a maré ainda pode me trazer".


domingo, 24 de outubro de 2010

Leitura da vez: Contos: Tchekhov

"A vodca aqueceu-lhe o peito. Ficou olhando os seus amigos, comovido, admirando-os e invenjando-os. Como nessa gente sadia, forte, alegre, tudo está equilibrado, como em suas almas e cérebros tudo está aplainado e concluído! Eles cantam, amam apaixonadamente o teatro, desenham, falam muito, bebem, e não lhes dói a cabeça no dia seguine; são., ao mesmo tempo, poéticos e devassos, ternos e insolentes; tanto sabem trabalhar como indignar-se, tanto rir sem motivo como dizer bobagens; ardosos, honestos, abnegados, não são, como pessoas, em nada piores que ele, Vassíliev, que vigia cada um dos seus próprios passos e cada palavra sua, que é desconfiado, cauteloso e pronto a promover cada insignificância à categoria de problema. E ele quis, pelo menos uma noite, viver como seus amigos, soltar-se, livrar-se do seu próprio controle. Será preciso tomar vodca? Tomá-la-á, mesmo que no dia seguinte a cabeça lhe estoure de dor. Levam-no à uma casa de mulheres? Ele vai. Há de dar gargalhadas, brincar, responder alegremente às provocações dos transeuntes..."

Tchekhov - A crise. Contos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Interlúdio

UM POEMA TAOÍSTA

O concreto nem sempre é reto
nas mãos de um bom arquiteto

O esperto nem sempre está certo
sempre há o mais esperto por perto

De fato, o correlato do abstrato
é o concreto pelo qual se faz ato

E o concreto se esvai no abstrato
Desfeito pelo pensamento inato

Que une o abstrato e o concreto
como com a imagem e seu objeto

Compreender este liame discreto
consiste o verdadeiro caminho reto

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Jogo

"Ah, e não se esqueça: não odeie o jogador, odeie o jogo"
Neil Strauss.

To no TCC. Meu projeto de continuar o post anterior terá que ser temporariamente suspenso. mesmo que eu tenha que escrever 200 palavras sobre aquilo, terei que fazer um tremendo esforço para organizar os dados. Mas, também é ruim deixar isso aqui parado. Postarei umas conclusões que to tirando ao ler o livro "O Jogo - a Bíblia da sedução". Mais que um manual para conseguir bocetas, é um verdadeiro tratado sobre a psicologia humana, principalmente a masculina. Recomendo seriamente. Talvez já tenha falado deste livro aqui, mas vá lá que seja.
Definitivamente, é a mulher quem faz o homem. A mulher, instintivamente sabe que certas vezes é preciso dissimular para poder manter o equilibrio, e elas buscam segurança no parceiro, alguém que, quando tudo estiver parecendo perdido, consiga dissimular que está tudo bem, por que, ao final das contas, tudo está sempre bem e acabará bem, pois as mulheres são seres de extrema fé. Acontece que o feitiço vira contra o feiticeiro. Os homens se tornam mestres da dissimulação e enganam as mulheres para ter sexo. Fingem, repito, FINGEM, serem seguros, quando na verdade são muito mais carentes e dependentes do que as mulheres. Mas, definitivamente, é preciso saber fingir que é seguro. Este é meu desafio.
Via de mão dupla. A melhor coisa do mundo é viver para outra pessoa, é servir. As mulheres também sabem isso desde cedo. Elas treinam os homens a se importar com outras coisas que não eles mesmos. Os homens, na sua busca por bucetas, adquirem intuição e, como sempre superam tudo que querem, podem até chegar a ganhar de qualquer mulher no quesito intuição. Tudo o que uma mulher quer é servir loucamente um homem que queira servi-las, pois a única habilidade a qual um homem jamais poderá superar uma mulher é a capacidade de servir. Obviamente, o homem vai para o espaço quando elas têm filhos. Esse é o drama masculino: o homem some para mulher depois que ela tem filho.
Outro treinamento que o homem recebe é se livrar das emoções. O homem tem que se despir de qualquer fraqueza emocional. Isto só é permitido às mulheres. O homem, para servi-las, deve não acreditar no amor, não se apegar ou acreditar que é amado. Sou muito bom no segundo quesito: ninguém me ama, ninguém me quer. Quando ao primeiro to quase lá, pra não dizer que já consegui. Mulheres, vocês não sabem o quanto isso é ruim. Mas elas têm um motivo: elas querem que aquele troglodita social se revele um bebê prematuro só pra elas, pra elas poderem dizer em secreto para suas amigas. Quão egoístas vocês são, meu Deus!
Deixo a ressalva que isto tudo é construído socialmente e estas interpretações se manifestam em cada pessoa de maneira diferente, se é que são validas.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

The Wall

"All in all it's just another brick in the wall."
Pink Floyd

Este é um projeto que queria executar, mas a preguiça não permitia: minha interpretação do The Wall. Pra mim, é a maior obra artística já feita na humanidade! (Lembrem-se: "exagerar é minha profissão." - Weber). Claro, umas escolha puramente pessoal. Identificação total. Postarei primeiramente o trecho mais importante da obra, quando a trama se fecha. Num segundo post farei meu comentário.

Faixa: "Stop!"

Pink (personagem principal do drama) :
-Stop!
I wanna go home
Take off this uniform
And leave the show.
But I'm waiting in this cell
Because I have to know.
Have I been guilty all this time?


Faixa: "The Trial"
*Promotor:
-Good morning, Worm your honor.
The crown will plainly show
The prisoner who now stands before you
Was caught red-handed showing feelings
Showing feelings of an almost human nature;
This will not do.

*Worm (O juiz):
-Call the schoolmaster!

*Professor:
-I always said he'd come to no good
In the end your honor.
If they'd let me have my way I could
Have flayed him into shape.
But my hands were tied,
The bleeding hearts and artists
Let him get away with murder.
Let me hammer him today?

Pink:
-
Crazy,
Toys in the attic I am crazy,
Truly gone fishing.
They must have taken my marbles away.

Coro:
-
Crazy, toys in the attic he is crazy.

Ex-Mulher:
-
You little shit you're in it now,
I hope they throw away the key.
You should have talked to me more often
Than you did, but no! You had to go
Your own way, have you broken any
Homes up lately?
Just five minutes, Worm your honor,
Him and Me, alone.

Mãe:
-
Baaaaaaaaaabe!
Come to mother baby, let me hold you
In my arms.
M'lud I never wanted him to
Get in any trouble.
Why'd he ever have to leave me?
Worm, your honor, let me take him home.

Pink:
-
Crazy,
Over the rainbow, I am crazy,
Bars in the window.
There must have been a door there in the wall
When I came in.

Coro:
-
Crazy, over the rainbow, he is crazy.

Worm (o juiz):
-
The evidence before the court is
Incontrivertable, there's no need for
The jury to retire.
In all my years of judging
I have never heard before
Of someone more deserving
Of the full penaltie of law.
The way you made them suffer,
Your exquisite wife and mother,
Fills me with the urge to defecate!

Platéia:
-
"Hey Judge! Shit on him!"

Worm (o juiz):
-
But, my friend, you have revealed your
Deepest fear,
I sentence you to be exposed before
Your peers.
Tear down the wall!



P.s: Hoje em dia, nos momentos raros em que penso em suicídio, é exatamente buscando o que o Pink queria: julgamento.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A questão da Verdade

"Vimos que o verdadeiro e o falso dependem de como se manifesta ou se torna patente o ser das coisas. Verdade ou falsidade só existem no âmbito da verdade em sentido amplo, entendida como alétheia, como desocobrimento, desvelamento ou patenteamento. E as coisas se manifestam de modo eminente no dizer, quando se diz o que são, quando se enuncia seu ser. Por isso Aristóteles diz que o lugar natural da verdade é o juízo. Quando digo A é B, enuncio necessariamente uma verdade ou uma falsidade, o que não ocorre em outros modos da linguagem, por exemplo num desejo ("tomara que chova") ou numa exclamação ("ai!"). O dizer enunciativo coloca as coisas na verdade. Mas é claro que essa possibilidade funda-se no caráter de verdade das próprias coisas, na possibilidade de seu patenteamento.
A verdade mostra o ser de uma coisa, a falsidade o suplanta por outro. No juízo verdadeiro, uno o que na verdade está unido, ou separo (em juízo negativo) o que está separado, ao passo que no juízo falso faço o contrário."
"O ceticismo nega que seja possível conhecer a verdade, o relativismo admite que tudo por ser verdade, mas que esta é relativa (...)."
Marías, Julian - História da Filosofia
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A busca pela verdade consiste na busca por um método de encontrar a verdade, distinguir o verdadeiro do falso dentro do ponto de vista adotado. 1 + 1 = 2. Isto é verdade dentro do conjunto dos números naturais, mas no conjunto dos números binários o resultado é 10. Essa busca fundou toda a filosofia e por conseguinte a ciência. É o motor da vida.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Uma meia-verdade

"Are you such a dreamer to put the world to rights? I'll stay home forever. Where two & two always makes up five".
Radiohead


"É hora de os escritores admitirem que nada neste mundo faz sentido. Só tolos e charlatães pensam que sabem e compreendem tudo. Quanto mais estúpidos são, mais amplos supõem ser seus horizontes. E se um artista decide declarar que não entende nada do que vê - isto por si só constitui uma considerável clareza na esfera do pensamento e um grande passo adiante".

Tchekhov - Citado por Francine Prose em Para ler como um escritor

Ela continua após a citação:

"Todo grande escritor é um mistério, ainda que apenas porque algum aspecto de seu talento permanece para sempre inefável, inexplicável e assombroso. A simples população da imaginação de Dickens, a arquitetura fantástica que Proust constrói a partir de momentos minuciosamente examinados. Perguntamos a nós mesmos: como pôde alguém fazer isso? E, é claro, diferentes qualidades da obra assombrarão diferentes pessoas. Para mim, o mistério de Tchekhov é antes de mais nada de conhecimento: como pode ele saber tanto? (nota do blogueiro: quem está escrevendo é uma mulher, não é por acaso sua atração pelo conhecimento) Ele sabe tudo que nos orgulhamos de ter aprendido, e muito mais. 'Festa do santo do dia', uma história sobre uma mulher grávida, é cheia de observações sobre a gravidez que eu pensava serem segredos que só gravidas conheciam.
(...)
Para mim, porém, o maior mistério é essa questão a que ele (Tchekhov) está sempre aludindo em suas cartas: a necessidade de escrever sem julgamento. Não dizer: 'Roubar cavalos é mal'. Não ser o juiz dos próprios personagens e de suas conversas, mas sim o observador imparcial. Certamente Tchekhov não vive sem julgamento. Não sei se alguém o faz, ou se isso é sequer possível, exceto para psicóticos e monges zen que se exercitaram para suspender toda reflexão, seja moral ou de outros tipos. Minha impressão é que viver sem julgamento é uma má idéia (nota - desta vez machista- do blogueiro: não esqueçam: é uma mulher!). E, mais uma vez, nada disso é exigido do escritor. Balzac julgava todas as pessoas e achava que quase todas deixavam a desejar; a mesquinhez delas e a ferocidade de seu ultraje é parte da grandeza de sua obra. Mas Tchekhov acreditava - e punha essa idéia em prática mais do que qualquer escritor em que eu possa pensar - que julgamento e preconceito são imcompatíveis com certo tipo de arte literária. É por isso que , por razões que ainda não posso realmente explicar, sua obra me reanimava de maneiras que a de Balzac simplesmente não conseguia".

Francine Prose - Para ler como escritor (grifos do blogueiro)

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"(...) julgamento e preconceito são incompatíveis com certo tipo de arte literária". Acredito que julgamento e preconceito são incompatíveis com qualquer tentativa de viver bem. Hoje, já não me fecho tanto, procurando evitar contato com os outros para não cair neste erro. Estou encarando a vida "e me assustei: não sou perfeito", mas não desisto da busca pelo sentido, e tento me policiar quanto ao julgamento e preconceito. Óbvio: sou cristão, ou, ao menos, procuro ser. É interassante como a autora afirma "Não sei se alguém o faz, ou se isso é sequer possível, exceto para psicóticos e monges zen (...)". Se a pessoa quiser ser um santo é vista como doida ou deve ir para um mosteiro. Bem, tomo antipsicóticos; alguns me acusam de charlatão (exagêro); já quis ser monge zen... Que bom! To no caminho.

P. S.: Não que eu queira ser um santo; é mais uma questão de dever; mas ainda estou bem distante de encarar o que tenho que fazer e não quero fazer. Um cristão realmente consequente não louva Cristo: quer ser como ele é.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A busca

"I wish I was special"
Radiohead

Penso eu que todo ser humano tem, no fundo de si, uma vontade esmagadora de comunicar ao universo: ESTOU VIVO!!! Toda vaidade, luta pelo poder, fama, realização, seja lá o que for, no fundo é um desejo de se sentir vivo. Mais que isso, comunicar ao universo que se está vivo. Isto tem outro nome: vida eterna. Talvez, quando consigamos comunicar ao universo que estamos vivos seja o dia em que ganhamos a vida eterna. Acontece que o universo é mais do que podemos ver. Limitar-se a comunicar sua existência apenas aos seres terrenos não é nem metade do caminho. Quando percebemos a tarefa enorme que é comunicar a tudo que existe que existimos, vem, imediatamente a pergunta: "ser ou não ser? eis a questão".

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Epitáfio

Quando eu morrer, quero esta estrofe como epitáfio:

Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar

Emoções - O Rei

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Isto é se-rís-si-mo.

"Amar a Deus sobre todas as coisas". Deus é o Amor. "Amar o Amor sobre todas as coisas". Esta é a salvação.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Dostô

Para Lóri,

"Não consegui chegar a nada, nem mesmo torna-me mau: nem mau, nem bom, nem canalha, nem honrado, nem herói, nem inseto. Agora, vou vivendo os meus dias em meu canto, serrazinando a mim próprio com o consolo raivoso - que para nada serve - de que um homem inteligente não pode mesmo, a sério, tornar-se algo, e de que somente os imbecis o conseguem."

Fiódor Dostoiévski
Memórias do subsolo

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Santidade: fazer tudo de bom, conquistar todas as vitórias possíveis e impossíveis e continuar pensando como dito acima. Devemos saber que somos Deus sem, jamais, se sentir Deus. Isso é meio triste. Perdemos o direito de se exaltar, coisa que parece ser tão boa. É como um anjo que olha o amor dos homens e se sente tentado a experimentar, mas no momento mesmo em que fizer isso, perde sua perfeição. Saber que é sem se sentir que é (ser ao invés de ter) é viver num eterno estado de contemplação, e não é muito diferente de ser uma pessoa comum, às vezes triste, às vezes alegre, às vezes confiante, outras vezes inseguro. Mas sempre sabendo que o infinito das possibilidas se encontra em seu ínfimo ser. Podemos ser o eterndo Devir, o eterno vir-a-ser. Ser o próprio Ser implica em poder ser qualquer coisa, de bom ou ruim, conforme o outro diz que somos. Embora estejamos firmes na contemplação de nós mesmos, no amor pelo que somos. Narcisismo, outra vez. Repetindo: sem sentir que é. Olhar a imagem no espelho sabendo que nunca poderemos tocá-la. É a eterna busca por si mesmo.


quarta-feira, 26 de maio de 2010

MACAPÁ

WHERE THE STREETS HAVE NO NAME
U2

I wanna run
I want to hide
I wanna tear down the walls
That hold me inside
I wanna reach out
And touch the flame
Where the streets have no name

I want to feel
Sunlight on my face
I see the dust cloud disappear
Without a trace
I want to take shelter from the poison rain
Where the streets have no name

Where the streets have no name
Where the streets have no name
We're still building
Then burning down love
Burning down love
And when I go there
I go there with you
It's all I can do

The city's aflood
And our love turns to rust
We're beaten and blown by the wind
Trampled in dust
I'll show you a place
High on a desert plain
Where the streets have no name

Where the streets have no name
Where the streets have no name
We're still building
Then burning down love
Burning down love
And when I go there
I go there with you
It's all I can do

Our love turns to rust
We're beaten and blown by the wind
Blown by the wind
Oh, and I see our love
See our love turn to rust
Oh, we're beaten and blown by the wind
Blown by the wind
Oh, when I go there
I go there with you
It's all I can do

sábado, 22 de maio de 2010

Cabôcos, causos e presepadas

"O Norte é o Oriente. O Oriente é o Norte"
Algum compositor o qual não lembro o nome

"O cabôco tava sentado num banquinho de madeira rente u chão. Tava procurando o quê fazê quando olhô prum açaizeiro e viu uns papagaio incima dele. Elheolhô e contô 12 papagaios. Pegô a cartucheira. Colocô um cartucho cum 13 chumbinhos. Pá! Deu um tiro. Os papagaio caiu e ele foi contar. 1, 2, 3... 12 papagaios. Ficô admirado da largura que ele deu e voltô pru banquinho. Passado um tempo, ele escutô um zunido. Zim! Zim! Quando ele viu, era o último chumbinho que tava percurando mais um papagaio."

Este "causo" assim contado pode nem ter tanta graça, mas na voz de um cabôco do interior pode derrubar o cara de tanto rir. Ao menos foi assim comigo.

Era dia das Mães. Família reunida. Estava ao lado de um tio meu, que veio especificamente para a festa, mais meu pai, minha mãe, irmãs e madrinha reunidos à parte. Perguntei pro meu tio qual era a caça mais difícil de pegar. O irmão do meu pai respondeu que era o viado, enquanto meu pai falou que era a cutia. Foi quando então o visitante começou a falar do tempo em que as pessoas se reuniam para contar causos, presepadas, histórias inventadas com o único fim de intreter e fazer rir. Havia disputas para ver quem contava os melhores causos. Mas não eram contadas somente mentiras, casos da vida real também.

Parecia ser uma época tão boa. Nos breves instantes que meu tio e minha madrinha contaram as histórias, eu ri como há muito tempo não ria. O povo do interior tem uma criatividade simples, mas ao mesmo tempo involvente. Se divertiam com muito pouco. Como diria a Lóri, é mais ou menos assim: "Norte. Lugar onde não há muito o que fazer, o que leva as pessoas a construirem laços entre si". É exatamente isso, algo do tipo "o amor está no norte", o que escutei do Ryzzan.

Sem teorias, sem técnicas, sem preocupação com isso ou aquilo. Simplicidade perdida. O norte ainda é a "terra do nunca", mas até quando, eu não sei.

To pensando em passar em um concurso para antropólogo que tá tendo por aqui e larga de mão qualquer busca por evolução. No máximo aprender um instrumento.

É isso.

sábado, 1 de maio de 2010

A Busca

"Não existe lado escuro da lua. Na verdade, ela é toda feita de luz"

O SER ESTÁ NO OCULTO

No lado escuro da lua
Esconde-se o sentido de tudo
O fim de toda a procura
A própria origem do mundo

Olho a lua cheia
Queria ser lua cheia
Como se só existisse lua cheia

Mas no lado escuro da lua
Está a coroa do universo
O fim de toda procura
Onde o Uno se faz Verso

O quê quero dizer? O Quê?

Que o lado escuro da lua
E a própria lua cheia
É uma e mesma figura
O ser que tudo permeia

Contemplo o oculto
A pedra como vulto
O pensamento como pedra

O escuro nunca foi tão claro

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Assíntota

A inspiração artística bem que poderia ser tão manipulável quanto a inspiração pulmonar. Mas talvez seja isso que faça a arte ser tão especial. A arte parece ser uma força que invade um espírito e faz dele um instrumento para sua realização. Claro, o estudo e a técnica importam, mas sempre parece que o artísta é uma espécie de escolhido. Lembro do primeiro Matrix, quando Cypher entrega Morpheus para o Agente Smith. Ele diz o que quer em troca: "Quero ser alguém importante. Um ator".

Estabeleci que serei cientista. Só que ainda não desistir de conseguir o mínimo de técnica necessária para me comunicar artísticamente, simbolicamente. "O símbolo é mais real do que o que ele simboliza" (Levi-Strauss). Acredito seriamente nisso. Tendo o mínimo de técnica, uma vez ou outra que a inspiração bater, poderei escrever algo. Quem sabe até poder comunicar algo simbolicamente quando eu queira. Quem sabe.

Agora, bem maior que minha vontade de comunicação simbolica, é minha vocação sistêmica. O querer entender como as coisas funcionam está em mim desde que me entendo por gente. Mesmo que a verdade não exista, a eterna busca por ela me move. E sempre nos aproximamos, sem nunca chegar. Como uma assíntota e sua reta.

domingo, 18 de abril de 2010

De Improviso

Meus post´s são pré-determinados. Sempre quis um dia sentar a frente do PC e começar a escrever algo assim, de improviso. Aliás, esta necessidade de ensair para poder agir é uma caracterísitca que me encomoda. Quando falo em público, quando dou aula ou tento abordar uma mulher - sim, já consigo fazer isso! - só realizo estas tarefas se eu tiver mentalmente repassado cada ato. "Ninguém consegue estar sempre no controle, ninguém!" Alguém - que até hoje não sei quem é - já comentou neste blog com estas palavras.

Ah, já me enjoei disto. Decidi não apagar o post. Vai assim mesmo. Se eu ainda usasse drogas talvez conseguiria. Improviso é um saco.

Hmmmm.... lembrei de algo legal. Acho que valeria a pena aprender bem um instrumento para nele improvisar. Com o pouco que sei já acho legal fazer isso no violão. Deve ser muito bom improvisar em um instrumento, deixar a emoção fluir. Talvez seja a mesma coisa com o texto. Tenho tanta facilidade para ficar pensando, divagando, mas quando tenho que escrever parece que eu travo. Costume. E estou em uma fase que vou ter que criar o hábito de escrver. TCC.

Por hora chega.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Futebol

"Nada me ensinou mais na vida do que o fato de ter sido goleiro"
Albert Camus

Há anos atrás comprei um livro de presente para o meu pai, "90 minutos de sabedoria: a filosofia do futebol em frases inesquecíveis", com seleção e organização de Ivan Maurício. Nele encontramos frases de escritores como Nelson Rodrigues, José Lins do Rego, João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Moraes, Eduardo Galeano e outros. Com a morte do Armando Nogueira, que é autor de algumas frases que compõem a obra, resolvi fazer o que pretendia tempos atrás: postar algumas frases presentes na coletânia.

Não sei se já falei isto aqui e muito provavelmente já tenha dito, mas o futebol é a ciência do povo. O ser humano tem necessidade de usar a racionalidade do seu cérebro e o futebol fornece um conteúdo em uma linguagem simples. Só que esta simplicidade não limita a potencialidade de criação teórica que resulta em um bom papo. Existe muita tática no futebol, evolução de sistemas, criação e solução de problemas. Para citar um exemplo que tenho na cabeça, a linha de empedimento foi criada pelo Carrossel Holandês em 1974. Deu um nó no ataque dos outros times de tal forma que este recurso se tornou uma hunanimidade entre os times.

Agora, deixando de enrolação, vamos as frases.

"Ademir da Guia:
Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente, de alagados
entorpecendo então atando
o mais irrequieto adversário"

"Driblar é dar aos pés astúcias de mão."
João Cabral de Melo Neto

"Bola: Brinquedo mágico que se submete suavemente à vontade do homem."

"No passe o homem se afirma como animal sociável."

"Futebol é uma religião pagã, onde as pessoas se encontram para adorar a bola."

"A tabelinha de Pelé e Tostão confirma a existência de Deus."
Armando Nogueira

"Todo brasileiro entende a alma da bola, sabe tudo sobre ela."
Gilberto Gil

"Só o jogador medíocre solta a bola de primeira. O craque, o virtuose, o estilista, prende a bola. Sim, ele cultiva a bola como uma orquídea de luxo."

"A bola sabe quando vai ser gol e se ajeita para o gol."
(Nota do blogueiro: acreditem, isso é a mais pura verdade!)

"A bola tem um instinto clarividente e infalível que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque. Sim, amigos: há na bola uma alma de cachorra."

"Numa simples ginga de Didi, há toda uma nostalgia de gafieiras eternas."

"O Fla-Flu não tem começo. O Fla-Flu não tem fim. OFla-Flu começou quarenta minutos antes do nada. E, então, as multidões despertaram."

"Pelé podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumprimentá-los com íntima efusão: -Como vai, colega?"
Nelson Rodrigues


"Em 1978, lembram?, O Brasil já na técnica da retranca, perdeu a Copa invicto. Empatou todas. Inventamos uma coisa extraordinária: a invictória"
Millôr Fernandes

"O craque não tem explicação. Ele é."
Tostão

"Há três poderes na Terra: Deus no céu, o Papa no vaticano e Dadá na grande área."

"Somente três coisas param no ar: o beija-flor, o helicóptero e o Dadá"
Dadá

"O drible de corpo é quando o corpo de tem presença de espírito."
Chico Buarque

"Futebol: É o único esporte coletivo em que o pior pode ganhar do melhor."
Sérgio Rêdes

"Garrinha: O anjo das pernas tortas."
Vinícius de Morais

"O pior é que as tristezas voltam e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho."
Carlos Drummond de Andrade

"Posso ser um novo Di Stéfano, mas não posso ser um novo Pelé. Ele é o único que ultrapassa os limites da lógica."
Cruiff



sábado, 27 de março de 2010

O que tenho que superar

"Existe uma primeira forma de suicídio que a Antiguidade sem dúvida conheceu, mas que se desenvolveu sobretudo na época atual: o Raphaël de Lamartine nos oferece um tipo ideal dessa forma de suicídio. É caracterizada por uma forma de indolência melancólica que distende as molas da ação. O sujeito exprime um diferença e uma repugnância pelos negócios, pelas funções públicas, pelo trabalho útil e pelos próprios deveres domésticos. Repugna-lhe deixar de ser ele próprio. Em compensação, o pensamento e a vida interior contrabalançam a falta de atividade. Voltando as costas ao que o rodeia, a consciência concentra-se sobre ela própria, considera-se como seu próprio e único fim e dedica-se à tarefa de observação e análise interiores. Mas, em virtude dessa enorme concentração, torna ainda mais profundo o fosso que a separa do resto do universo. A partir do momento em que o indivíduo se apaixona até esse ponto por si próprio, desliga-se cada vez mais de tudo aquilo que não é ele para se consagrar ao isolamento em que vive, tornando-o, desse modo, maior. Não é olhando unicamente para si que poderá encontrar motivos que o levem a interessar-se por outra coisa além de si próprio. De certa forma, qualquer movimento é altruísta, pois é centrífugo e faz expandir o ser para fora de si próprio. Pelo contrário, a reflexão tem qualquer coisa de pessoal e de egoísta: pois só é possível a medida que o indivíduo se liberta do objeto e se afasta dele para regressar a si próprio, e é tanto mais intenso quanto esse retorno sobre sua pessoa é mais completo. Só se pode agir se se estiver integrado no mundo; pelo contrário, para pensá-lo é necessário que não se esteja confundido com ele, de forma a poder contemplá-lo do exterior; e com mais razão isto é necessário para se pensar a si próprio. Portando, todo aquele cuja a atividade se concentra no pensamento interior torna-se insensível a tudo que o cerca. Se ama, não é com o fim de se dar, de se unir em uma união fecunda com alguém que não ele; é para meditar no seu amor. As suas paixões só são aparentes porquanto são estéreis. Dissipam-se em vãs associações de imagens, sem lhe produzir nada que lhes seja exterior"

Durkheim - O Suicídio

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Do Amor

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
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Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor

(...)
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens
(...)
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.


Drummond

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Graças ao Sol

Coração pequeno
Sofro de coração pequeno
Isto é uma doença daquelas
Ditas do espírito
Sim! Porque há espírito
Ora, se não houvesse
não sei nem como seria
Porque há espírito
E sempre houve

Doença? Não...
Larga-te deste passado
De vergonha em Ser
Antes, sim, uma dádiva
Não fosse o coração pequeno

Mas existe o sol!
Porque há espírito
(nunca é demais repeti-lo)
E meu coração pequeno
Se contenta, se fortalece
Pois habita no universo uma força
Que faz tudo o que eu não posso fazer
E faz, e derrama, e há
É!
Transborda
Ama


sábado, 16 de janeiro de 2010

Ciências Sociais

"Nós somos o sistema"
Eliane Superti

Esta frase ai em cima é de uma professora minha de Ciência Política. Quando se estuda as Ciências Sociais percebemos o quanto nosso comportamento é modelado pelo meio em que vivemos. A realidade é construida socialmente. Levando ao extremo - como gosto de fazer - chego mesmo a pensar que o indíviduo é uma ilusão. O indivíduo é A Ilusão - o próprio diabo. A antropologia moderna derrubou algumas teses psicanalíticas. Ao analisar o comportamente de sociedades "primitivas" - termo ultrapassado, mas não consigo encontrar outro melhor para o propósito deste post - os transtornos identificados por Freud não foram encontrados. Claro, isso não derrubou a tese de que o inconsciente existe, mas os estudos mostraram que o comportamento psíquico é bem mais influenciado pela estrutura social do que poderíamos imaginar. Na maioria destas sociedades, onde a feitiçaria é algo comum, se um nativo for alvo de um feitiço que tenha por fim causar sua morte, ele acredita tanto nisso que chega a morrer. O meio social é capaz de provocar reações fisiológicas no indivíduo. A própria estrutura do nosso cérebro evoluiu ao longo do tempo conforme cresceram as atividades sociais do homem. A relação entre o ser individual e o ser social, que existe em cada ser humano, define quem somos.
Mas o pecado das Ciências Sociais, devido sua alta subjetividade, está na incapacidade de encontrar uma teoria final, um teorema. Seu estatus de ciência positiva está longe de ser alcançado, apesar de ter sido esta a intenção de seus fundadores. Baseada numa lógica própria, que ainda estou longe de compreender, as Ciências Sociais vivem em uma eterna "crise de paradigmas", sempre se renovando.
Enfim, este é o caminho que resolvi trilhar; muito mais por não desperdiçar o tempo que já empreendi. Estou contente e com perspectivas. Resta a questão de se esforçar. Ao final das contas, esta é sempre a grande questão.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O que Sou

"Eu Sou o medo do fraco"
Raul Seixas e Paulo Coelho

Uma única vez me senti grande, potente; foi quando perdi a cabeça. Hoje estou com ela no lugar, mas a sombra daquele momento infernal ainda ronda meu cotidiano.
Sempre tive a auto-estima baixa, apesar dos elogios que recebo desde que me entendo por gente. Ultimamente venho procurando fazer um exercício quando me pego diminuindo a mim mesmo. Penso que a única coisa que posso afirmar de mim é que "sou o que sou". Nada mais, nada menos. Os outros sabem mais deste aquariano típico do que eu poderia saber.

INTERLÚDIO

-Espelho, espelho meu: Existe alguém mais bela do que eu?
-Não, senhora.

Queria ser este espelho para todas as pessoas!