terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Foucault (Continuação do post anterior)

"Não me diga para permanecer o mesmo"
Frase de Foucault na capa da revista.

"Contrapondo-se às técnicas de conhecimento e de controle das subjetividades, Foucault entende que as lutas de resistência em torno do estatuto da individuação podem ser sintetizadas pela palavra de ordem seguinte: o objetivo principal, hoje, não é o de descobrirmos, mas o de nos recusarmos a ser o que somos. Não se trata de encontrar nosso eu no mundo, mas de inventarmos nossa subjetividade. Antes de ser produto de um encontro, a subjetividade é o resultado de um processo inventivo. De tal modo que a luta pela liberdade se inicia na própria esfera subjetiva. A questão, assim, é produzir, criar, inventar novos modos de subjetividade, novos estilos de vida, novos vínculos e laços comunitários, para além de formas de vida empobrecidas e individualistas implantados pelas modernas técnicas e relações de poder."

Guilherme Castelo Branco - Prof. do departamento de Filosofia da UFRJ. Foucault em três tempos. Matéria da Revista Mente-Cérebro & Filosofia, Edição nº 6.

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Quando uma Igreja prega "aceite Jesus!", ou um partido revolucionário brada "morte ao capitalismo!", estas organizações estão propondo ao indivíduo que ele construa uma nova subjetividade, e isto é bem tentador. Num mundo pós-moderno onde os vínculos sociais se encontram frouxos, este apelo traz o consolo do pertencimento a um grupo , fonte de identidade. Aliás este conceito hoje só tem serventia global para justificar uma guerra contra o "eixo-do-mal". Não é à toa que um grupo como o Tea Party causou tanto estrago nas últimas eleições norte americanas. Um paradigma bem fundamentado - acreditem vocês ou não, eles são bem fundamentados - com uma base social sólida é a maior droga que existe.

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