terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Poema manifesto

Mundo desencantado

Mataram a rima
Ora, quem? Adivinha!
Quem se não o burguês
Que só o ouro estima

Mas... somente ele?
Falo também do freguês
E levado pela raiva que domina
Chamo-o prostituta com salário por mês

Mataram a rima
Mais um culpado. Adivinha!
A tal modernidade de passo agalopado
Que pra ontem quer o que nem imagina

Culpados, existem mil
E a maré, pra onde caminha?
Serei eu um caduco senil?
Que estancou no fim da linha?

Mataram a rima. O muro caiu
O sonho se foi e com ele o pavio
Explosão agora é coisa vil
Burgês e freguês deixaram a rinha

E o valor que hoje predomina
É o remédio controlado dos vencedores
Receituado aos fregueses perdedores
Dando-lhes produtos ao invés de auto-estima

4 comentários:

Rafael Castellar das Neves disse...

Excelente!! que paulada!! Muito bom!!

[]s

João Esteves disse...

Muito bem, Leone.
Concordo integralmente com a motivação de seu manifesto em forma de poema.
Caduco senil? Talvez seja isso mesmo, mas no caso serei eu também mais outro. Não estamos sós, de toda certeza.
Pra mim, lugar de assassino é no xilindró. Mas os caras aí que você denuncia matam a rima e nada lhes sucede.
Sei não.
Se é assim que é, fazer o que, né?
Boca no trombone, pelo menos.

Leone Rocha disse...

Mataram a rima, mataram o encanto. Contos de fadas agora ficaram restritos às telas de cinema e guetos "retrógrados". Tudo foi coisificado... até o espírito.

Marcelo Portuária disse...

O lirismo vem desaparecendo; a cultura de massa é uma vilã que aprendemos, sem querer, a reverenciar.
Acreditamos que podemos educar-nos somente com telejornais, orkut ou google.
Esquecemos a história, a geografia e a astronomia. Tudo por um pouco de cultura descartável, vencida e sem certificação.
Que será da arte em breve?
Para onde irá a música, com tanta coisa sem préstimo? Sabemos que vendem muitíssimo, o gosto das pessoas consome fortemente a laíca diversidade, para onde iremos?
A morte da rima: eis o resultado da decadência da cultura em forma geral e ampla.

Belo poema.

Marcelo Portuária

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