sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

O Enigma de Capitu

O enigma de Capitu é o tema central do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. O narrador, Bento Santiago, acusa a esposa, Capitu, de ter um caso com o melhor amigo, Escobar, desde a infância. Capitu, por sua vez, sempre nega as acusações.

Os argumentos de Bento para acusar Capitu são:

* **O olhar de Capitu para Escobar.** 
Bento conta que, quando era criança, viu Capitu olhando para Escobar com um olhar "de ressaca".

* **A semelhança física entre Escobar e Ezequiel, filho de Bento e Capitu.**
 Bento acredita que Capitu engravidou de Escobar, pois o filho deles é muito parecido com o amigo.

* **A fuga de Capitu e Escobar.** 
Bento conta que Capitu e Escobar fugiram juntos, após a morte de Escobar.

No entanto, esses argumentos não são suficientes para provar a culpa de Capitu. O olhar de Capitu pode ser interpretado de diversas formas, a semelhança física entre Escobar e Ezequiel pode ser apenas uma coincidência, e a fuga de Capitu e Escobar pode ter sido motivada por outros fatores, como o medo da reação de Bento.

A dúvida sobre a culpa ou inocência de Capitu é o que torna o romance tão fascinante. O leitor é convidado a formar a sua própria opinião sobre o caso, e a obra se torna uma reflexão sobre a natureza da confiança e da traição.

Algumas interpretações possíveis para o enigma de Capitu são:

* **Capitu é inocente.** 
Ela foi vítima da paranoia e da possessividade de Bento.

* **Capitu é culpada.** 
Ela realmente teve um caso com Escobar e traiu Bento.

* **Capitu é uma personagem complexa.** Ela é capaz de amor e traição, e sua verdadeira natureza é um mistério.

A resposta para o enigma de Capitu é, no final, uma questão de interpretação. No entanto, o romance de Machado de Assis nos deixa com uma reflexão importante: a verdade nem sempre é clara, e a realidade pode ser interpretada de diversas formas.

sábado, 23 de dezembro de 2023

Experiências de vida após a morte

Experiências de vida após a morte (EVMs) são relatos de pessoas que sobreviveram a uma situação de morte iminente e, durante esse período, experimentaram sensações e visões que são frequentemente descritas como sobrenaturais ou espirituais.

As EVMs são relatadas há séculos, em todas as culturas e religiões. No entanto, apenas nas últimas décadas elas passaram a ser objeto de estudo científico.

Pesquisas sobre EVMs têm mostrado que elas são relativamente comuns. Estima-se que cerca de 10% a 20% das pessoas que sobreviveram a uma parada cardíaca ou a outra situação de morte iminente relataram ter tido uma EVM.

Os relatos de EVMs são bastante semelhantes entre si. As pessoas que as experimentaram relatam, geralmente, os seguintes fenômenos:

* Uma sensação de paz e serenidade;
* Uma sensação de separação do corpo físico;
* Uma visão de um túnel ou luz;
* Um encontro com entes queridos falecidos;
* Uma revisão de sua vida;
* Uma sensação de estar em um lugar maravilhoso.

As EVMs são frequentemente interpretadas como evidências da existência de vida após a morte. No entanto, os cientistas não têm uma explicação definitiva para elas.

Algumas teorias sugerem que as EVMs são causadas por alterações na atividade cerebral, que podem ocorrer em situações de morte iminente. Outras teorias sugerem que as EVMs são uma experiência real de um mundo espiritual.

Ainda não há uma resposta definitiva para a questão de se as EVMs são evidências da vida após a morte. No entanto, elas continuam sendo um fenômeno fascinante que tem sido estudado por cientistas e religiosos por séculos.

Aqui estão alguns exemplos de relatos de EVMs:

* Uma mulher relata ter tido uma parada cardíaca durante uma cirurgia. Ela diz que se sentiu separando de seu corpo e flutuando acima da sala de cirurgia. Ela viu os médicos trabalhando em seu corpo e sentiu uma sensação de paz e amor.
* Um homem relata ter tido um acidente de carro. Ele diz que se sentiu saindo de seu corpo e viajando por um túnel. Ele viu uma luz brilhante e sentiu que estava sendo recebido por entes queridos falecidos.
* Uma criança relata ter tido uma convulsão. Ela diz que se sentiu separando de seu corpo e voando pelo céu. Ela viu um jardim maravilhoso e sentiu que estava em um lugar feliz.

É importante notar que os relatos de EVMs são subjetivos e podem ser influenciados por crenças culturais e religiosas. No entanto, eles continuam sendo um fenômeno interessante que merece ser estudado.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Umberto Eco e a Obra Aberta

Obra Aberta é um livro escrito por Umberto Eco, que reúne uma coletânea de ensaios a respeito das formas de indeterminação das poéticas contemporâneas, tanto em literatura, como em artes plásticas e música. Publicado em 1962, o livro é considerado uma obra seminal da semiótica e da estética contemporâneas.

Eco define a obra aberta como aquela que "não esgota o seu significado em uma única interpretação". Ela é, portanto, uma obra que convida o leitor a participar da sua construção, a completar o seu significado, a encontrar o seu sentido.

Para Eco, a obra aberta é uma característica da arte contemporânea, que se distancia da arte tradicional, que buscava a representação do mundo real de forma objetiva e completa. A arte contemporânea, ao contrário, busca a subjetividade, a ambiguidade, a abertura.

Eco identifica três tipos de indeterminação na obra aberta:

* **Indeterminação estrutural:** 
a obra é estruturada de forma a permitir diferentes interpretações.

* **Indeterminação semântica:** 
a obra apresenta elementos que são abertos à interpretação do leitor.

* **Indeterminação temporal:**
 a obra é aberta a novas interpretações ao longo do tempo.

Eco cita como exemplos de obra aberta obras literárias como Finnegans Wake, de James Joyce, O Castelo, de Franz Kafka, e O Nome da Rosa, de Eco; obras plásticas como O Grito, de Edvard Munch, e A Fonte, de Marcel Duchamp; e obras musicais como a Sinfonia nº 4, de Arnold Schönberg, e a Novena Sinfonia, de Gustav Mahler.

**A obra aberta e a participação do leitor**

A obra aberta é uma obra que convida o leitor a participar da sua construção. O leitor não é apenas um receptor passivo da obra, mas um co-autor. Ele é chamado a completar o significado da obra, a encontrar o seu sentido.

Essa participação do leitor é uma característica fundamental da obra aberta. É o que torna a obra aberta uma obra viva, que se transforma ao longo do tempo, a cada nova leitura.

**A obra aberta e a cultura contemporânea**

A obra aberta é uma obra que reflete a cultura contemporânea. A cultura contemporânea é uma cultura que valoriza a subjetividade, a ambiguidade, a abertura. A obra aberta é uma expressão dessa cultura.

A obra aberta é uma obra desafiadora, que exige do leitor um esforço de interpretação. Mas é também uma obra recompensadora, que pode proporcionar ao leitor uma experiência estética única.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Origens da Democracia Antiga e Moderna




As origens da democracia antiga remontam à cidade-estado de Atenas, na Grécia Antiga, por volta do século V a.C.
Esse sistema político foi desenvolvido como uma alternativa à monarquia e à oligarquia, onde todos os cidadãos tinham igualdade de direitos políticos e participavam diretamente na tomada de decisões.

Na democracia antiga, apenas homens adultos e livres podiam ser considerados cidadãos e tinham o direito de participar nas assembleias populares, onde discutiam e votavam sobre questões políticas e legislativas.
Atenas é considerada a primeira democracia direta da história, onde os cidadãos tinham a oportunidade de discutir e decidir os assuntos que afetavam a polis.

Já a democracia moderna teve suas origens na Europa ocidental, especialmente na Inglaterra e na França, durante os séculos XVII e XVIII.
Essa forma de governo evoluiu a partir dos ideais do Iluminismo, que pregavam a valorização dos direitos individuais e da liberdade política.

A democracia moderna é caracterizada pela soberania popular, pelo sufrágio universal e pela representação política.
Diferentemente da democracia antiga, onde os cidadãos participavam diretamente nas decisões, na democracia moderna, os cidadãos elegem representantes para tomar decisões em seu nome.

Desde então, a democracia moderna tem se expandido para várias partes do mundo, tornando-se um dos sistemas políticos mais prevalentes na atualidade.
No entanto, cada país tem suas próprias interpretações e práticas democráticas, tornando a democracia um conceito em constante evolução e adaptação.

sábado, 21 de julho de 2012

Paraíso

Ou, se preferirem, "Surto de um nerd solitário":

Meu paraíso seria uma montanha-russa multidimensional sem fim com infinitos buracos de minhoca pelo caminho e se movimentando à velocidade da luz beirando buracos-negros. Quer embarcar? Não?! Então tá. Fica para próxima vida quando formos fótons.

domingo, 27 de maio de 2012

Post longo, mas necessário: Aniversário

"Eu não sei dizer nada por dizer. Então eu escuto."
Secos e Molhados



No dia 22 de maio passado, este blog completou cinco anos. Comemoro sozinho, com todas as vantagens e desvantagens deste estado (in) voluntário. No começo, bate a empolgação: queremos dezenas de comentários e milhares de visitantes. Depois que isso passa, vem o conforto de possuir um espaço próprio.

É bom ter um blog. No meu caso, aqui me dou a liberdade de ser quem eu realmente sou, deixar as coisas do jeito que quero e dizer o que penso sem preocupar-me tanto com o que vão falar. Não gosto muito do Eu que sou neste blog. Mas, fazer o quê: a liberdade tem seu preço. Um blog é uma casa, como diria Kamila Carina. Como é bom ter uma casa, ainda que virtual.

Dentre as leituras que tenho feito, encontrei uma passagem que, para citar outro amigo, o Lincolncon, cabe como chave em fechadura para este momento. Trata-se de minha filosofia de vida que durante muito tempo foi inconsciente e aplico neste blog. Pena eu ter perdido a inocência, digo, a inconsciência. Ei-lo:

"Hoje é preciso mais do que nunca fazer-se compreender, evitar as frases abstrusas, encontrar as formas mais simples de explicar as coisas complicadas. Estou convencido de que muitas polêmicas rancorosas seriam evitadas se todos falássemos um pouco mais claro. Muitas rixas ideológicas são fruto de mal-entendidos (algumas vezes, mas nem sempre, intencionais). Mais claro e menos: as duas coisas são, de resto, conexas. A primeira regra, para escrever claro, é escrever pouco e quando se tem verdadeiramente alguma coisa para dizser. Estamos submersos pelo papel impresso: o número das palavras que conseguimos ler ou escutar continua a diminuir em comparação com o número das palavras que são escritas ou ditas. Entre cem jornais o homem da rua compra no máximo dois. Das vinte páginas do jornal que compra, lê aproximadamente duas ou três colunas, quando não lê apenas os títulos ou apenas os títulos das páginas que lhe interessam. (...) Um enorme desperdício de atividade comunicativa: um desperdício que não haveria se cada um de nós falasse apenas quando tem alguma coisa a dizer." 
Norberto Bobbio

Esse cara se contradiz bastante. Eu também. Talvez só não esteja em contradição quem sabe que está em contradição. Quanto a escrever e falar menos, concordo. Mas como é difícil não ser prolixo quando se é tão carente (qual ser humano não é?)! Um dos escritores que fez isso de maneira eficiente foi o Nietzsche. Os seus livros eram em forma de sofismas. Somente alguns escreveram tão pouco e fizeram tanto barulho, isso no século XIX, quase cem anos antes do que o Bobbio escreveu.

Se você leu até aqui, obrigado. : )

sábado, 21 de abril de 2012

Pit-Stop

Há Noite

Tão certo como o dia que nasce,
é a noite que cai.
Assim, de mansinho, ela vem.
E chega. Não há nada o que fazer
a não ser esperar, calar,
resistir.

Às vezes é noite de lua cheia.
Ou quase cheia, como hoje.
Nessas noites, cheia ou quase cheia,
a lua nos olha e diz:
-Tu é besta, é?! Eu to aqui, cara, olha pra cima!
Isso é um fato que não pode ser negado, pois,
olhar para baixo em noite de lua cheia
é negar esta mesma lua.
E a noite.

Como negar a noite?
Se não houvesse lua, seria mais fácil.
E as estrelas, então?
É, também tem as estrelas.
Mas elas são apenas a corte.
M A rainha, cheia de manha,
uma hora se esconde, outra hora cresce,
e às vezes fica cheia.

Então, voltando ao assunto...
(a lua sempre tira a minha atenção)
É difícil aceitar a noite.
Aos dez anos tudo é dia.
Aos quinze, tudo é noite de lua cheia.
Aos trinta: por que existe noite?
Amanhã, não sei.
Só sei que hoje está difícil aceitar a noite.

Em 09/12/11

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A Coisa

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Ímpeto de Estrela

Oh, ímpeto de estrela!
Tu, que a tudo pões em movimento.
És a verdadeira causa primeira.
Guardas a fonte da vida: estrela,
revelada no ínicio-fim de um caminho.

Eu tenho a ti, oh ímpeto,
em todo o seu esplendor.
Mas sinto em todo o meu ser
que a estrela não me pertence.

Tu és a fonte do bem e do mal.
A desgraça e salvação do mundo.
O homem vence e dá a vida por ti.
O homem perde e mata por ti.
O homem se faz homem
por ti.

Quantos chegaram à estrela?
Quantos ficaram pelo caminho?
Estrela, óvulo, ímpeto, espermatozóide.

Quem alcança a estrela transforma-se em outro ser.

Os livros ensinam:
triste é o destino de quem é outro ser
e vive em volta dos que estão a caminho.
Esse sabe que a estrela não existe
se não para manter o ímpeto.
A estrela é tudo, mas
quando chega-se à estrela, encontramos o nada,
e a partir de então, somente resta uma coisa:
o puro ímpeto.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Um dilema

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"Reside a honra do funcionário em sua capacidade de executar conscienciosamente uma ordem, sob responsabilidade de uma autoridade superior, mesmo que - desprezando a advertência - ela se obstine a seguir uma trilha errada. O funcionário deve executar essa ordem como se ela correspondesse a suas próprias convicções. Se carente dessa disciplina moral, no mais elevado sentido do termo, e sem essa abnegação, toda a organização ruiria. Contrariamente, a honra do chefe político consiste justamente na responsabilidade pessoal exclusiva por tudo quanto faz, responsabilidade que ele não pode rejeitar, nem delegar. Nesse sentido, os funcionários que têm visão moralmente elevada de suas funções são, necessariamente, maus políticos: não se dispõem a assumir responsabilidades no sentido político do termo e, desse ponto de vista, são, obviamente, políticos moralmente inferiores",

Weber. Ciência e Política: duas vocações. Martin Claret, p. 82.

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Líderes são necessários e a maior tarefa de uma liderança é capacitar outros para exercê-la. Um dos maiores problemas do mundo é a ausência de líderes. Alguns fatores impedem o florescimento destes tipos: medo de assumir responsabilidades; a conduta de alguns líderes que impedem que os outros cresçam; medo de falhar (nossa sociedade ainda é demasiadamente cruel com os que falham, levando as pessoas a não admitirem seus erros, fazendo com que todos vivam numa grande ilusão de perfeição). Existem diversos outros fatores, mas este não é o ponto. Ser um funcionário é apenas um momento que tem como fim exercer a liderança. A demanda por líderes é geométrica enquanto que seu nascimento segue uma progressão aritmética, ou seja: há espaço para todos.

Algumas pessoas possuem um senso moral tão elevado que obrigatoriamente só permanecem tranquilas como líderes. Mas o medo de assumir responsabilidades bloqueia estas pessoas e elas acabam que nem viram líderes nem conseguem ser funcionários. Viram políticos frustrados como o próprio Weber, Maquiavel e Pareto. Elas reconhecem que dentro de si existe um ditador que faria de Hitler, Mussolini e Stálin meros praticantes de bullying.

domingo, 18 de setembro de 2011

Narciso e o Espelho

"Deus é grande. Eu sou pequeno."
M. Gabriel

A maioria dos problemas humanos acontecem pelo fato de nos sentirmos maiores do que realmente somos. Todos somos pequenos, todos nós sabemos, mas são bem poucos os que praticam isso. Existe uma diferença entre saber e sentir. Saber, agente sabe com a cabeça; sentir, sentimos com o coração. A maioria das pessoas sabe que é pequena, mas se sente grande. É preciso ser o oposto: saber que é grande e se sentir pequeno. Saber que é grande na sua cabeça e se sentir pequeno no seu coração. Quando isso acontece, simplesmente ganhamos a vida eterna. Viramos Narcisos que contemplam o espelho, não a água, que traz o risco do afogamento. Sentimos um prazer transbordante, mas discreto, como a luz de uma estrela, que transborda um único fio de luz. Nesse estado, a maior fonte de alegria é se contemplar. Um prazer sutil, sublime e solitário.

- Atualizado em 09/11/11.