sexta-feira, 30 de maio de 2008

Delírios

Pode algo ser o que não é? Creio que sim. O ser, a essência, a idéia é o que não é. Eis o mistério. Por isso de sua insustentável leveza. Como saber que algo existe sem ter qualquer experiência com este algo? Isso é insuportável. O ser existe. Cadê? Onde? Quando? Mais ele existe. É um tormento saber que ele existe e não ter contato com ele. O ser é leve por sua ausência de contato e insustentável por contrariar nossa visão de mundo. Um dia eu deixo de ser platônico.

Inventei um exemplo. Existe uma regra que diz: toda regra tem exceção. Se toda regra tem exceção, por esta ser uma regra ela deve ter uma exceção, ou seja, uma regra que não tenha exceção. A regra que não tem exceção é: toda regra tem exceção. Logo, toda regra tem exceção é uma regra que é a sua própria exceção. Ela é o que não é, uma regra e exceção ao mesmo tempo. Não, isto não é a essência, mas é um negocio bonitinho.

3 comentários:

Anônimo disse...

negocio bonitinho?
A tua essencia, é isso? Não é mesmo. Mas se é isto que ves, é isto que emanas. Não.
A alguns o doce amargo do auto-boicote torna-se um exercicio da sombra. o que fazer...
Por que?

continuarei em outro local, sem a contaminação do bonitinho.

...,

Anônimo disse...

Digerido o bonitinho, vamos a continuação do comentário. Depois de visto o horário em que foi postado, o entendimento tomou outro rumo.
Então, andaremos um pouco nas horas e brincaremos de abstrair:

As cozinhas possuem um facinio em suas existências, desprovidas, até, do ambiente onde estão instaladas. Algumas, grandes, frias, cheias de repartição, mais parecem uma fabrica em seu fazer diário. Porém, se hospedadas no silencio e na penumbra, podem acabar ficando com o ar de quem as visita.
Se encontrada uma panela sobre o fogão não deixa de ter o ar convidativo e encantador das cosinhas dos lares.
Panelas podem, até ser comparadas com "olhos", quando abertas as tampas podem ou não nos convidar. As vezes algumas mais timidas, ficam controlando a chama para que as visitas que rodeiam não percebem o cheio que exala. Na cosinha podemos re-pensar sobre o cuidado de lá de fora, onde uma minoria tenta entender a doce frangancia exalada quando perde o controle e deixa ( permite-se sentir)...

Anônimo disse...

...eta comentario grande:

como se estivessem frente a um alimento cujos ingredientes são cozidos com perfeição, e que despertam o desejo ( do mistério ) nos observadores.
Mas, a cozinha o poder alquimico.
De dançar a valsa ainda presente no centro da saudade nasce ali. Saudade do intocado.

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.parece que o pequeno comentário acabou, como um exercício de exceção à regra ( de comentarios serem pequenos e objetivos.).

+...