sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Deus, Eu e a Música

Um certo dia decidi enfrentar, mentalmente, a Deus. "Vamos ver quem é maior". Sim, pois cheguei a conclusão que aceitar a Deus é aceitar que existe um ser superior a mim a qual tenho que obedecer. "Não vou obedecer a algo que não seja a mim mesmo". Era o que eu pensava. Pois bem, não sei quem desafiou a quem, quem aceitou, só sei que quando a peleja começou no mesmo instante me vi qual mulher que sofre uma investida violenta de um homem para possuí-la. Desde o momento em que mentalmente me vi lutando contra Deus, minha única reação era dizer "não! não". Forte, ele é muito forte. Rendi-me, me entreguei. Não levantei um ai. Admiti: sou inferior.

Desde então, tudo ao meu redor virou música. Já não escuto tanto música. Ela está dentro de mim e nos movimentos externos a mim. A vida toda é uma grande ópera. Quando estou sintonizado, percebo a sincronia dos fatos exteriores a mim como notas de música tocando. Quando estou em desarmonia, parece que estou ouvindo Sonic Youth. As vezes estou triste, mas não desesperado, é quando tudo ao meu redor parece uma música do Radiohead. Eu mesmo passei a me ver como um instrumento. Em certos momentos percebo claramente que estou sendo usado, atuando na ópera, ora como personagem principal, em outro momento, na base, ou ainda, calado, nos bastidores, esperando minha ora de entrar. Já não me assusto quando eu penso em algo e outra pessoa fala. "Estamos em sintonia". Já não me alegro quando alguém diz: "parace que tu adivinhas". É tudo música. Com o tempo, como quando já conhecemos a música, podemos até prever certos acordes. Já experimentei até criar. Sintonia, é tudo questão de sintonia e de se admitir que é inferior.

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