sexta-feira, 25 de junho de 2010

Epitáfio

Quando eu morrer, quero esta estrofe como epitáfio:

Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar

Emoções - O Rei

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Isto é se-rís-si-mo.

"Amar a Deus sobre todas as coisas". Deus é o Amor. "Amar o Amor sobre todas as coisas". Esta é a salvação.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Dostô

Para Lóri,

"Não consegui chegar a nada, nem mesmo torna-me mau: nem mau, nem bom, nem canalha, nem honrado, nem herói, nem inseto. Agora, vou vivendo os meus dias em meu canto, serrazinando a mim próprio com o consolo raivoso - que para nada serve - de que um homem inteligente não pode mesmo, a sério, tornar-se algo, e de que somente os imbecis o conseguem."

Fiódor Dostoiévski
Memórias do subsolo

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Santidade: fazer tudo de bom, conquistar todas as vitórias possíveis e impossíveis e continuar pensando como dito acima. Devemos saber que somos Deus sem, jamais, se sentir Deus. Isso é meio triste. Perdemos o direito de se exaltar, coisa que parece ser tão boa. É como um anjo que olha o amor dos homens e se sente tentado a experimentar, mas no momento mesmo em que fizer isso, perde sua perfeição. Saber que é sem se sentir que é (ser ao invés de ter) é viver num eterno estado de contemplação, e não é muito diferente de ser uma pessoa comum, às vezes triste, às vezes alegre, às vezes confiante, outras vezes inseguro. Mas sempre sabendo que o infinito das possibilidas se encontra em seu ínfimo ser. Podemos ser o eterndo Devir, o eterno vir-a-ser. Ser o próprio Ser implica em poder ser qualquer coisa, de bom ou ruim, conforme o outro diz que somos. Embora estejamos firmes na contemplação de nós mesmos, no amor pelo que somos. Narcisismo, outra vez. Repetindo: sem sentir que é. Olhar a imagem no espelho sabendo que nunca poderemos tocá-la. É a eterna busca por si mesmo.


quarta-feira, 26 de maio de 2010

MACAPÁ

WHERE THE STREETS HAVE NO NAME
U2

I wanna run
I want to hide
I wanna tear down the walls
That hold me inside
I wanna reach out
And touch the flame
Where the streets have no name

I want to feel
Sunlight on my face
I see the dust cloud disappear
Without a trace
I want to take shelter from the poison rain
Where the streets have no name

Where the streets have no name
Where the streets have no name
We're still building
Then burning down love
Burning down love
And when I go there
I go there with you
It's all I can do

The city's aflood
And our love turns to rust
We're beaten and blown by the wind
Trampled in dust
I'll show you a place
High on a desert plain
Where the streets have no name

Where the streets have no name
Where the streets have no name
We're still building
Then burning down love
Burning down love
And when I go there
I go there with you
It's all I can do

Our love turns to rust
We're beaten and blown by the wind
Blown by the wind
Oh, and I see our love
See our love turn to rust
Oh, we're beaten and blown by the wind
Blown by the wind
Oh, when I go there
I go there with you
It's all I can do

sábado, 22 de maio de 2010

Cabôcos, causos e presepadas

"O Norte é o Oriente. O Oriente é o Norte"
Algum compositor o qual não lembro o nome

"O cabôco tava sentado num banquinho de madeira rente u chão. Tava procurando o quê fazê quando olhô prum açaizeiro e viu uns papagaio incima dele. Elheolhô e contô 12 papagaios. Pegô a cartucheira. Colocô um cartucho cum 13 chumbinhos. Pá! Deu um tiro. Os papagaio caiu e ele foi contar. 1, 2, 3... 12 papagaios. Ficô admirado da largura que ele deu e voltô pru banquinho. Passado um tempo, ele escutô um zunido. Zim! Zim! Quando ele viu, era o último chumbinho que tava percurando mais um papagaio."

Este "causo" assim contado pode nem ter tanta graça, mas na voz de um cabôco do interior pode derrubar o cara de tanto rir. Ao menos foi assim comigo.

Era dia das Mães. Família reunida. Estava ao lado de um tio meu, que veio especificamente para a festa, mais meu pai, minha mãe, irmãs e madrinha reunidos à parte. Perguntei pro meu tio qual era a caça mais difícil de pegar. O irmão do meu pai respondeu que era o viado, enquanto meu pai falou que era a cutia. Foi quando então o visitante começou a falar do tempo em que as pessoas se reuniam para contar causos, presepadas, histórias inventadas com o único fim de intreter e fazer rir. Havia disputas para ver quem contava os melhores causos. Mas não eram contadas somente mentiras, casos da vida real também.

Parecia ser uma época tão boa. Nos breves instantes que meu tio e minha madrinha contaram as histórias, eu ri como há muito tempo não ria. O povo do interior tem uma criatividade simples, mas ao mesmo tempo involvente. Se divertiam com muito pouco. Como diria a Lóri, é mais ou menos assim: "Norte. Lugar onde não há muito o que fazer, o que leva as pessoas a construirem laços entre si". É exatamente isso, algo do tipo "o amor está no norte", o que escutei do Ryzzan.

Sem teorias, sem técnicas, sem preocupação com isso ou aquilo. Simplicidade perdida. O norte ainda é a "terra do nunca", mas até quando, eu não sei.

To pensando em passar em um concurso para antropólogo que tá tendo por aqui e larga de mão qualquer busca por evolução. No máximo aprender um instrumento.

É isso.

sábado, 1 de maio de 2010

A Busca

"Não existe lado escuro da lua. Na verdade, ela é toda feita de luz"

O SER ESTÁ NO OCULTO

No lado escuro da lua
Esconde-se o sentido de tudo
O fim de toda a procura
A própria origem do mundo

Olho a lua cheia
Queria ser lua cheia
Como se só existisse lua cheia

Mas no lado escuro da lua
Está a coroa do universo
O fim de toda procura
Onde o Uno se faz Verso

O quê quero dizer? O Quê?

Que o lado escuro da lua
E a própria lua cheia
É uma e mesma figura
O ser que tudo permeia

Contemplo o oculto
A pedra como vulto
O pensamento como pedra

O escuro nunca foi tão claro

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Assíntota

A inspiração artística bem que poderia ser tão manipulável quanto a inspiração pulmonar. Mas talvez seja isso que faça a arte ser tão especial. A arte parece ser uma força que invade um espírito e faz dele um instrumento para sua realização. Claro, o estudo e a técnica importam, mas sempre parece que o artísta é uma espécie de escolhido. Lembro do primeiro Matrix, quando Cypher entrega Morpheus para o Agente Smith. Ele diz o que quer em troca: "Quero ser alguém importante. Um ator".

Estabeleci que serei cientista. Só que ainda não desistir de conseguir o mínimo de técnica necessária para me comunicar artísticamente, simbolicamente. "O símbolo é mais real do que o que ele simboliza" (Levi-Strauss). Acredito seriamente nisso. Tendo o mínimo de técnica, uma vez ou outra que a inspiração bater, poderei escrever algo. Quem sabe até poder comunicar algo simbolicamente quando eu queira. Quem sabe.

Agora, bem maior que minha vontade de comunicação simbolica, é minha vocação sistêmica. O querer entender como as coisas funcionam está em mim desde que me entendo por gente. Mesmo que a verdade não exista, a eterna busca por ela me move. E sempre nos aproximamos, sem nunca chegar. Como uma assíntota e sua reta.

domingo, 18 de abril de 2010

De Improviso

Meus post´s são pré-determinados. Sempre quis um dia sentar a frente do PC e começar a escrever algo assim, de improviso. Aliás, esta necessidade de ensair para poder agir é uma caracterísitca que me encomoda. Quando falo em público, quando dou aula ou tento abordar uma mulher - sim, já consigo fazer isso! - só realizo estas tarefas se eu tiver mentalmente repassado cada ato. "Ninguém consegue estar sempre no controle, ninguém!" Alguém - que até hoje não sei quem é - já comentou neste blog com estas palavras.

Ah, já me enjoei disto. Decidi não apagar o post. Vai assim mesmo. Se eu ainda usasse drogas talvez conseguiria. Improviso é um saco.

Hmmmm.... lembrei de algo legal. Acho que valeria a pena aprender bem um instrumento para nele improvisar. Com o pouco que sei já acho legal fazer isso no violão. Deve ser muito bom improvisar em um instrumento, deixar a emoção fluir. Talvez seja a mesma coisa com o texto. Tenho tanta facilidade para ficar pensando, divagando, mas quando tenho que escrever parece que eu travo. Costume. E estou em uma fase que vou ter que criar o hábito de escrver. TCC.

Por hora chega.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Futebol

"Nada me ensinou mais na vida do que o fato de ter sido goleiro"
Albert Camus

Há anos atrás comprei um livro de presente para o meu pai, "90 minutos de sabedoria: a filosofia do futebol em frases inesquecíveis", com seleção e organização de Ivan Maurício. Nele encontramos frases de escritores como Nelson Rodrigues, José Lins do Rego, João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Moraes, Eduardo Galeano e outros. Com a morte do Armando Nogueira, que é autor de algumas frases que compõem a obra, resolvi fazer o que pretendia tempos atrás: postar algumas frases presentes na coletânia.

Não sei se já falei isto aqui e muito provavelmente já tenha dito, mas o futebol é a ciência do povo. O ser humano tem necessidade de usar a racionalidade do seu cérebro e o futebol fornece um conteúdo em uma linguagem simples. Só que esta simplicidade não limita a potencialidade de criação teórica que resulta em um bom papo. Existe muita tática no futebol, evolução de sistemas, criação e solução de problemas. Para citar um exemplo que tenho na cabeça, a linha de empedimento foi criada pelo Carrossel Holandês em 1974. Deu um nó no ataque dos outros times de tal forma que este recurso se tornou uma hunanimidade entre os times.

Agora, deixando de enrolação, vamos as frases.

"Ademir da Guia:
Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente, de alagados
entorpecendo então atando
o mais irrequieto adversário"

"Driblar é dar aos pés astúcias de mão."
João Cabral de Melo Neto

"Bola: Brinquedo mágico que se submete suavemente à vontade do homem."

"No passe o homem se afirma como animal sociável."

"Futebol é uma religião pagã, onde as pessoas se encontram para adorar a bola."

"A tabelinha de Pelé e Tostão confirma a existência de Deus."
Armando Nogueira

"Todo brasileiro entende a alma da bola, sabe tudo sobre ela."
Gilberto Gil

"Só o jogador medíocre solta a bola de primeira. O craque, o virtuose, o estilista, prende a bola. Sim, ele cultiva a bola como uma orquídea de luxo."

"A bola sabe quando vai ser gol e se ajeita para o gol."
(Nota do blogueiro: acreditem, isso é a mais pura verdade!)

"A bola tem um instinto clarividente e infalível que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque. Sim, amigos: há na bola uma alma de cachorra."

"Numa simples ginga de Didi, há toda uma nostalgia de gafieiras eternas."

"O Fla-Flu não tem começo. O Fla-Flu não tem fim. OFla-Flu começou quarenta minutos antes do nada. E, então, as multidões despertaram."

"Pelé podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumprimentá-los com íntima efusão: -Como vai, colega?"
Nelson Rodrigues


"Em 1978, lembram?, O Brasil já na técnica da retranca, perdeu a Copa invicto. Empatou todas. Inventamos uma coisa extraordinária: a invictória"
Millôr Fernandes

"O craque não tem explicação. Ele é."
Tostão

"Há três poderes na Terra: Deus no céu, o Papa no vaticano e Dadá na grande área."

"Somente três coisas param no ar: o beija-flor, o helicóptero e o Dadá"
Dadá

"O drible de corpo é quando o corpo de tem presença de espírito."
Chico Buarque

"Futebol: É o único esporte coletivo em que o pior pode ganhar do melhor."
Sérgio Rêdes

"Garrinha: O anjo das pernas tortas."
Vinícius de Morais

"O pior é que as tristezas voltam e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho."
Carlos Drummond de Andrade

"Posso ser um novo Di Stéfano, mas não posso ser um novo Pelé. Ele é o único que ultrapassa os limites da lógica."
Cruiff



sábado, 27 de março de 2010

O que tenho que superar

"Existe uma primeira forma de suicídio que a Antiguidade sem dúvida conheceu, mas que se desenvolveu sobretudo na época atual: o Raphaël de Lamartine nos oferece um tipo ideal dessa forma de suicídio. É caracterizada por uma forma de indolência melancólica que distende as molas da ação. O sujeito exprime um diferença e uma repugnância pelos negócios, pelas funções públicas, pelo trabalho útil e pelos próprios deveres domésticos. Repugna-lhe deixar de ser ele próprio. Em compensação, o pensamento e a vida interior contrabalançam a falta de atividade. Voltando as costas ao que o rodeia, a consciência concentra-se sobre ela própria, considera-se como seu próprio e único fim e dedica-se à tarefa de observação e análise interiores. Mas, em virtude dessa enorme concentração, torna ainda mais profundo o fosso que a separa do resto do universo. A partir do momento em que o indivíduo se apaixona até esse ponto por si próprio, desliga-se cada vez mais de tudo aquilo que não é ele para se consagrar ao isolamento em que vive, tornando-o, desse modo, maior. Não é olhando unicamente para si que poderá encontrar motivos que o levem a interessar-se por outra coisa além de si próprio. De certa forma, qualquer movimento é altruísta, pois é centrífugo e faz expandir o ser para fora de si próprio. Pelo contrário, a reflexão tem qualquer coisa de pessoal e de egoísta: pois só é possível a medida que o indivíduo se liberta do objeto e se afasta dele para regressar a si próprio, e é tanto mais intenso quanto esse retorno sobre sua pessoa é mais completo. Só se pode agir se se estiver integrado no mundo; pelo contrário, para pensá-lo é necessário que não se esteja confundido com ele, de forma a poder contemplá-lo do exterior; e com mais razão isto é necessário para se pensar a si próprio. Portando, todo aquele cuja a atividade se concentra no pensamento interior torna-se insensível a tudo que o cerca. Se ama, não é com o fim de se dar, de se unir em uma união fecunda com alguém que não ele; é para meditar no seu amor. As suas paixões só são aparentes porquanto são estéreis. Dissipam-se em vãs associações de imagens, sem lhe produzir nada que lhes seja exterior"

Durkheim - O Suicídio

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Do Amor

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
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Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor

(...)
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens
(...)
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.


Drummond

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Graças ao Sol

Coração pequeno
Sofro de coração pequeno
Isto é uma doença daquelas
Ditas do espírito
Sim! Porque há espírito
Ora, se não houvesse
não sei nem como seria
Porque há espírito
E sempre houve

Doença? Não...
Larga-te deste passado
De vergonha em Ser
Antes, sim, uma dádiva
Não fosse o coração pequeno

Mas existe o sol!
Porque há espírito
(nunca é demais repeti-lo)
E meu coração pequeno
Se contenta, se fortalece
Pois habita no universo uma força
Que faz tudo o que eu não posso fazer
E faz, e derrama, e há
É!
Transborda
Ama