Legião Urbana
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
A necessidade da coerção
Legião Urbana
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Tudo vem do Todo
"We all live under the same sky"
Travis
Ouvi dizer que Rousseau disse que o ser humano nasce bom mas a sociedade o corrompe, mais ou menos isso. Eu concordei com isso não sabia bem por quê; hoje continuo concordando e sei por que. Ouvi dizer também que o todo é diferente da soma das partes. Também concordo. No meu entender o todo é de uma espécie diferente da parte. Um mais um é igual a dois e dois é diferente de um. Um exemplo citado que ouvi fala da célula que é um ser diferente do conjunto de elementos que a compõe. Logo a sociedade é um ser diferente do indivíduo, possuindo uma vida própria e que possui características próprias. Este é a tese que justifica a criação da sociologia. Logo, existe algo na sociedade que só pode vir dela que influencia o individuo. Todo o individuo é bom por natureza (isto precisa ser provado mas, por enquanto, utilizo isso como verdadeiro por questão de princípios) mas o contato com outro individuo, a vida em sociedade, o corrompe. Creio que pelo motivo de que uma pessoa é sempre, ou um dia foi, bem intencionada, mas quando entra em contato com outra pessoa se depara com outra visão de mundo. Deste contato surge a diferença e o conflito entre visões de mundo; deste conflito, desta diferença surgem as imperfeições, a dúvida. A dúvida é a fonte de todo mal e surge da interação entre indivíduos e os corrompe. Na verdade é nossa reação a esta idéia exterior surgida da interação que são as atitudes não boas. Mas este conflito teria que se materializar de alguma forma e o indivíduo é o canal para isto; logo pensamos que o individuo é ruim mas é uma simples reação a algo fruto da interação; a interação, a sociedade, é a causa, a ação má do indivíduo é o efeito. Por que reagimos assim? Creio que por que nos vemos como indivíduos, o que é natural. Cabe a nós, a dita evolução que tanto prego, percebemos que, na verdade, tudo vem do todo. Quando aceitarmos que, enquanto indivíduos, somos submetidos ao todo e que este não é algo ruim, mesmo que diferente, se findará o que há de ruim em nós, vindo da sociedadse, e na própria sociedade.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Duas Vozes
Raul Seixas
Duas vozes
Eu entendo Sérgio Sampaio
Syd Barret, Arnaldo Baptista
Pois no mesmo erro caio
De andar fora da pista
De mim mesmo às vezes saio
Este corpo a loucura conquista
Quando penso em quem vem de maio
Seja a flor ou seja a artista
Não saio do mero ensaio
Uma voz atormenta e diz: desista
Tu és derrotado, infiél e débil
Outra diz: vá além da vista
Toda preocupação é em si inútil
Desde que obedeça e afirme: insista
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Da Filosofia
Legião Urbana
Um sistema possui elementos que o compõe. Quando um fenômeno surge no interior do sistema ele pode chegar a se manifestar em cada elemento que o compõe. Quando este fenomeno estiver presente em todos os elementos do sistema, ele some.
Pensemos em nós. Todos nós comemos. Se alguém chegar para alguém e disser: você come. O que a pessoa que recebeu a afirmação dirá? Pelo fato de todos nós comermos isso se torna irrelevante, é como se não existisse. Todos nós temos um nariz. Quantos se dão conta disso? Esta coisa que aparentemente deixa de existir por ser algo que todos têm/fazem ainda existe e só pode ser captada pelo olhar do filósofo. O filósofo vê o que está generalizado no sistema e por isso não se faz visível.
Todos nós, em algum momento, fazemos as vezes do filósofo. Uma hora ou outra sempre nos surpreendemos com algo. Sim pois quando algo surge geralmente nos surpreendemos. É a tal "eureka". Só que com o tempo agente se acostuma com as coisas, com a comida, com nosso nariz, nossas orelhas, e meio que nos tornamos inertes. É preciso se desligar um pouco para "ver" o que está nos bastidores. Ai gera o conflito. Se você se desliga da realidade material, esta que nos aliena, corre o risco de enlouquecer, ou ficar deprimido. Se vê tanta coisa, mas tanta coisa que fica difícil de lidar com tanta informação. "É preciso saber viver".Tão simples e batido, mas verdadeiro. Saber quando ser filósofo, quando ser um cego.
A filosofia ajuda nisso. Obter respostas. Se perguntamos algo é porque algo está escondido e geralmente é algo que tá na cara, tá escondido no manto da generalização. Quando filosofamos sob um método a respeito de um objeto estamos fazendo ciência. A filosofia é livre. A ciência é limitada pelo método e pelo objeto.
Ah... cansei. Tenho que ir.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Pressão!!!
Radiohead
Creep. Esta música me parece um retrato do mundo o qual estamos vivendo. No mesmo album, em Bones: "Prozac, pain killer". Costumo ir ao psquiatra uma vez ao mês. A sala de espera está sempre lotada. A consulta tem que ser marcada com bastante antencedência. Hoje mesmo, vi na traseira de um carro: "Juliana Garcia, Psicologia Clínica". Transtornos hoje são tão comuns e variados como uma gripe. Já nem é mais "cool" ter um transtorno.
Pressão. A evolução, aparentemente de tudo, segue uma função exponencial. Quando se incide calor a um meio, as molécolas deste meio se agitam e começam a colidir. Desta interação surge a sensação de quente. Se continuarmo com isso, a matéria tende a se desmanchar. Parece que está acontecendo algo semelhante nesta sociedade. A pressão que se exerce sobre nós é maior do que antes, exponencialmente. Sempre tivemos que "buscar pela felicidade", mas hoje existe um mundo ideal forjado pela televião. Corpos perfeitos, estrelas para todos os lados, ídolos efêmeros sendo sugados e jogados fora com um cigarro. A industria cultural hoje parece um fabricante de cigarros. A cada temporada manda um ídolo/cigarro novo. A gente consome o ídolo e joga a bagana fora. E nisto, mais e mais fãns, mais e mais novas notícias e fofocas. A industria de massa hoje é uma grande droga que consumimos. Te-le-vi-são. Eis o meio o qual a droga chega, é a seringa. "I've got 30 channels in a shit of tv to choose from", já dizia R. Waters em 1980. Ela preciona. Compre, compre, compre!!! Propagandas modelando um mundo perfeito (se você comprar,claro): "seja um ligador", "viva o lado coca-cola da vida". Você só "é" se "tem".
A realidade se constrói socialmente. E há algo de errado nas relações sociais de hoje, uma patologia que se mostra na fragilidade de nossas mentes. Tudo é uma farsa. Tudo é planejado para que seja acreditado conforme alguém quis. E todos sabem disso! Isto, definitivamente, é o mais incrível. Eu vejo como se estivess acontecendo um descolamento da base social do pensamento coletivo. Numa crise paranóica, a mente do "louco" se descola da realidade, cria um mundo particular e este mundo se choca com o mundo real. Este choque gera uma crise. Eu vejo o mundo com passando por esta crise: coletivamente, estamos nos descolando da realidade e a realidade que a televisão nos mostra entre em choque com o que ela é. E esta contradição é mostrada pela própria televisão. Vejamos as propagandas e seu mundo perfeito garantido pelo consumo e depois vemos qualquer noticiário e nos deparamos com o caos em que vivemos. E as novelas... elas têm final feliz. A dose semestral de morfina. Três doses.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
O que eu quero
Raul Seixas
O que eu quero, no fundo, é o que todos querem. Eu quero ser o que todo mundo quer ser. Alguns dizem que não querem para não fazer parte do coro. Eu admito: eu quero ser o que todos querem ser. O que todos querem ser? Todos sabem.
Não, ao contrário do que possa parecer, não estou numa crise eufórica. To tranquilo. Com objetivos a... querer ter. Fazendo o que tem que ser feito no momento.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Até quando?
Los Hermanos.
Há uns quatro meses venho tendo oscilações. Passei uns sete meses bem, com oscilações "normais". Estas derradeiras oscilações tem bagunçado minha vida. Tenho crises de depressão profundas, vontade de se matar. Poderia escrever um tanto de coisa sobre o porquê disso, se matar, mas fica para outro post. Tudo começa no pensamento. É incrível a consciência que tenho disso e minha atitude ainda passiva. Sei exatamente o que tenho que fazer mas ainda não faço. Vem um pensamento à minha mente, ele traz outros pensamentos, é uma corrente. Estes pensamentos tendem a me tirar da realidade, tendem a fazer com que eu me desligue do que está ao meu redor e me concentre somente neles. Quando estou em euforia fico imaginando coisas boas, conversando com pessoas, tudo mentalmente. Chego a sentir as emoções. Quando em uma deprê, os pensamentos se desencadeiam em torno de um centro: meus erros. Erro nas mesmas coisas. Consegui avanços, mas ainda caio de vez em quando. Sou demais rigoroso comigo mesmo e isso faz eu perceber a realidade de maneira distorcida. Estou sempre no insuficiente só por não estar fazendo o melhor que posso. Há diferença nisso. Na maioria dos casos, estou na média, mas por não estar fazendo o melhor me torturo. Ai é que está. Algo (eu mesmo) me impede de fazer o melhor, de agir. Chega um momento em minha cabeça que não consigo me mexer. Fazendo uma profunda análise, eu me comporto como se eu não merecesse ser feliz. Frescura. Bem, vejo nisto uma possível patologia. Como me convencer que mereço ser feliz? Que posso ter o que quero e que tenho que correr em busca disso? As vezes acho que nem tenho um querer. Outro sintoma de patologia. Está tudo associado: falta de querer e não achar que mereço ser feliz. Sabe, nem faço questão de ter o que quero. Hoje estou tentando mudar por já não aguentar mais sofrer. Não é questão de ser um vencedor, é de não perder.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Tudo azul.
Raul Seixas
Parece que enfim chegou. Uma certa onda magnética ativou o que antes estava dormindo. Eu mesmo. De onde ela veio? De mim mesmo. O pensamento sai e volta. Se sai, volta. Percorre o universo inteiro. Parece que esta determinada onda que recebi estava tentando (conseguiu) voltar há tempos. Mas o que ocorria antes (não mais) é que ela chegava em mim e se apresentava: -Olá. Eu sou tu. Imediatamente eu trancava a porta. A onda voltava a circular pelo universo e retornava a mim com mais força: -Olá. Eu sou tu. E cada vez mais força eu fazia para não me deixar entrar. Resultado: sofrimento. A ausência de si mesmo. "E eu fico imaginando quem está escrevendo esta música..." se perguntou o diamante louco. Eu sei como é isso. Sabia. Hoje venho reconhecendo quem está no controle. Eu entrei em mim. E estou me acostumando.
Chega um momento na vida que a única opção que resta é tentar. "Quando você está caido é quando conhece a si mesmo. Afogado, nada mais resta (Respire Fundo)". É, Waters, enquanto você se martiriza o Guilmour, sentado a beira de uma praia, admira o por do sol. Hoje vejo que
minha identificação com o Roger Waters não era a toa. Pink. Me reconhecia nele, como o Waters.
Sempre em conflito, o seu julgamento (do Pink no filme The Wall) foi o mais justo. Tsc tsc tsc. Tempo perdido? Não. Valeu a experiência. Hoje procuro me ver
como o Guilmour. Calmo, sereno. Ele é o melhor do Syd: a criatividade. Waters, o pior: a loucura. A locura se desfarça de criativa. Nada... Para cada genialidade
produzida pela loucura um mundo novo para o louco se afastar do... "real". Percebi a beleza da realidade
quando ganhei consciência de que ela pode ser alterada à minha maneira, construida segundo minha vontade. Se perder em sonhos... meu (ex)prazer e perdição. Eu era arquiteto. Não saia do papel. Venho procurando me tornar engenheiro, para, depois do exercício constante, virar arquiteto-engenheiro.